SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos 20 pessoas ficaram feridas em confrontos do lado de fora do Parlamento ucraniano, em Kiev, em meio a disputas sobre a votação de uma série de mudanças constitucionais polêmicas envolvendo o leste do país.
O Parlamento optou por dar às regiões do leste do país um estatuto especial com o objetivo de enfraquecer o separatismo, mas as divisões entre os parlamentares pró-Ocidente indicam que o texto enfrentará dificuldades para se tornar lei.
O deputado Anton Gerashchenko afirmou, via redes sociais que militantes jogaram coquetéis molotov em seguranças da Guarda Nacional em meio ao distúrbio.
Em uma sessão turbulenta, um total de 265 deputados, dos 450, votou a favor na primeira leitura do projeto de lei “de descentralização”, apoiado pelo bloco político do presidente Petro Poroshenko e seu governo -39 a mais do que o necessário para passar.
Mas muitos aliados da coalizão governista, incluindo a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, se posicionaram contra as mudanças e ainda não está claro se Poroshenko será capaz de conseguir os 300 votos necessários na última votação, no final deste ano.
A aprovação de legislação com estatuto especial para territórios nas regiões de Donetsk e Lugansk, que estão em grande parte sob controle de separatistas apoiados pela Rússia, é um elemento importante de um acordo de paz alcançado em Minsk, capital de Belarus, em fevereiro.
O confronto entre separatistas pró-russos e nacionalistas ucranianos se estende desde a deposição de Viktor Yanukovich, alinhado a Moscou, da Presidência, após uma série de violentos protestos na capital, em fevereiro de 2014. Entre os desdobramentos, a Rússia reivindicou a anexação da região da Crimeia.
Durante os confrontos no leste do país, um Boeing 777 da Malaysia Airlines foi aparentemente abatido por um míssil -nenhum dos lados assume a responsabilidade pelo incidente. O conflito já deixou mais de 6.800 mortos.
Apesar de um cessar-fogo estar sendo violado por bombardeios e troca de tiros esporádicos entre as duas partes, os governos ocidentais veem o acordo como a melhor estratégia possível para a paz e estão pressionando a Ucrânia a respeitar os termos pactuados em Minsk.