THAIS BILENKY
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – Defensor de “gestos simbólicos” do governo para o restabelecimento da confiança na economia brasileira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou excessos em sua viagem de quatro dias a Nova York para um discurso de quatro minutos na ONU, acompanhado de pelo menos uma dezena de congressistas.
“A gente [veio] representar o Brasil para mostrar para investidores estrangeiros e para sociedade como um todo no mundo que o Brasil tem representação. Os chineses chegaram aí com 200 pessoas e ninguém falou nada”, afirmou, nesta segunda-feira (31), na sede das Nações Unidas.
Cunha falou para uma plateia formada por diplomatas e representantes legislativos de 140 países em conferência da União Interparlamentar, órgão vinculado à ONU.
A viagem custará R$ 200 mil aos cofres públicos. Cunha afirma ter dispensado as diárias de US$ 500 oferecidas pela Câmara. Em sua comitiva, havia cinco deputados, mas um desistiu de última hora. Mesmo fora da comitiva, diversos deputados e senadores viajaram.
“O gasto de viagens de todo o conjunto de parlamentares é inferior à média dos últimos quatros anos, em valores reais. Eu corto os gastos que eu posso cortar”, afirmou.
Cunha não quis comentar a declaração do senador Aécio Neves (PSDB-MG), segundo quem ele perderá condições de presidir a Câmara caso vire réu no Supremo Tribunal Federal. Cunha é acusado de ter recebido US$ 5 milhões no esquema de corrupção da Petrobras.
REGULAMENTAÇÃO DA MÍDIA
Em seu discurso no evento, o peemedebista alfinetou a proposta de regulamentação econômica da mídia defendida pela presidente Dilma Rousseff (PT).
“É fundamental para a democracia a manutenção da liberdade de imprensa e de expressão e o combate a qualquer forma de censura ou regulação de mídia, de qualquer natureza, inclusive econômica”, declarou a um auditório disperso e barulhento.
“Os Parlamentos são o foco de resistência que deve zelar por esse combate [à censura], a despeito de governos autoritários. Os Parlamentos têm sido fortalecidos cada vez mais. O povo vem escolhendo seus líderes”, completou.
Cunha ainda afirmou que “democracia sem povo é como jardim sem flores: não tem o que se regar, o que se manter. Quem achar que a democracia se sustenta com arranjos momentâneos acabará vencido pela história. Os governos são provisórios; a democracia tem de ser permanente”.
Depois, a jornalistas, ele disse que citou a questão da regulamentação da mídia provocado pela “pauta da virada”, apresentada por representantes de 15 partidos, inclusive do PT, como um contraponto à chamada Agenda Brasil, sugerida pelo PMDB.
Cunha disse que, “sem dúvidas”, aceitará possível convite de Dilma para conversar sobre o Orçamento deficitário que deverá ser proposto ao Congresso.