Mais uma criança sequestrada pelo governo militar da Argentina (1976-1983) foi identificada, segundo informou a organização Avós da Praça de Maio.

Testes de DNA confirmaram que uma mulher, agora com cerca de 30 anos, era filha dos ativistas Gladys Castro e Walter Domínguez, integrantes do Partido Comunista Marxista Leninista da Argentina.

Ambos viviam na cidade de Mendoza (norte) e foram capturados na casa em que moravam em 1977. Na época, Gladys estava grávida de seis meses e deu à luz na prisão no ano seguinte. Gladys e Walter nunca mais foram vistos.

Segundo a ONG, há mais de 300 pessoas que foram roubadas pelo regime militar quando bebês ou crianças e ainda não foram identificadas.

O sequestro de bebês era parte de um plano da ditadura argentina e ocorria de maneira sistemática, segundo grupos de direitos humanos.

O objetivo era dar os filhos de pessoas que o governo considerava subversivas a famílias de militares e seus aliados. Na lógica da ditadura, isso evitaria que fosse criada outra geração do que os militares consideravam radicais da esquerda.

Prêmio pela luta
A organização Avós da Praça da Maio foi fundada em 1977 com o objetivo de encontrar os filhos roubados e adotados ilegalmente durante o governo dos militares. Ao longo dos anos e de muitos protestos e lutas, a ONG conseguiu muitos frutos. Um deles em 2014, quando o neto de Estela de Carlotto, a presidente da ONG, foi identificado após mais de 30 anos de buscas.

Para muitos, a identificação de Guido foi como um prêmio para a vida de luta de Estela. Ele se submeteu ao teste de DNA por conta própria, após desconfiar de sua verdadeira identidade.

A filha de Gladys e Castro é a 117ª pessoa a ser identificada pela ONG.

O grupo possui um amplo banco de dados genéticos de familiares das vítimas da ditadura. Foi a partir desta base de dados que os bebês separados dos pais biológicos –e agora com mais de 30 anos– foram localizados.

A organização costuma veicular anúncios em jornais, TVs e rádios incentivando pessoas com dúvidas sobre sua identidade a procurar a ONG e realizar o exame de DNA.