MARINA DIAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Diante da crise que acomete seu governo, a presidente Dilma Rousseff pediu nesta terça-feira (1º) que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trabalhe “em harmonia” com o Palácio do Planalto para evitar o agravamento da situação econômica do país. Os dois se reuniram por cerca de uma hora no Palácio do Planalto no primeiro encontro desde julho, quando Cunha anunciou publicamente seu rompimento com o governo.
A presidente fez um apelo ao ex-aliado e pediu que ele não permita que a Câmara vote propostas que aumentem ainda mais as despesas da União. Segundo Dilma, é hora de os Poderes atuarem juntos “para o bem do país”.
Antes da ruptura com o Planalto, Cunha havia jantado com Dilma em abril, no Palácio da Alvorada, mas depois disso os dois não se falaram mais nem por telefone.
Segundo a reportagem apurou, no último mês o governo enviou alguns emissários na tentativa de restabelecer o diálogo com o peemedebista, mas nenhuma havia dado certo.
Nesta segunda-feira (31), porém, Dilma tomou a iniciativa pessoalmente e telefonou para Cunha após o governo entregar ao Congresso a proposta de Orçamento da União de 2016 com déficit primário de R$ 30,5 bilhões, o que representa 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).
A presidente também pediu que Cunha e a Câmara, junto com o Senado, ajudem o Planalto a construir saídas para esse rombo fiscal. Dilma fez o mesmo apelo a líderes da Câmara e do Senado em reunião nesta segunda.
EX-ALIADO
Desde que foi eleito presidente da Câmara, em fevereiro deste ano, Cunha tem liderado importantes derrotas para o governo na Casa e, após ter sido acusado pelo lobista Júlio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina no esquema da Petrobras, diz que é perseguido pelo Planalto. Segundo ele, o governo Dilma trabalha para incriminá-lo na Operação Lava Jato.