Se o Coritiba vai bem dentro de campo nestes quatro últimos jogos do Campeonato Brasileiro, o que dizer desta fanfarrona e grotesca cena da diretoria que, ao vazar o papo do aplicativo whatssap, descendo a lenha em quem fosse inimigo desta turma, criou um clima ruim para a seqüência de Rogério Bacellar no trabalho de gestão do clube. Até denúncia de doação de grana ao Gomide na eleição da FPF está sendo investigada.

Cada um destes integrantes no grupo do aplicativo prejudicou sua própria credibilidade. Pense: Apesar de serem milhares de sócios, os membros ligados ao dia a dia direto do clube sempre são centenas, poucas pessoas e agindo assim, os fofoqueiros mancham seus nomezinhos na praça. Pense (parte 2): Qualquer adolescente sabe que este aplicativo pode vazar. Não se faz reunião séria pelo zap-zap. Como diria o velho Bezerra da Silva: Malandro é Malandro, Mané e Mané.

Parece um bando de garotos falando mal do diretor da escola. Ainda bem (para o clube) que estas conversas vazaram. O presidente já sabe pelo menos com quem não contar. É, senhor Bacellar, não te conheço, mas te aconselho: É melhor caminhar sozinho, do que estar acompanhado por pessoas que o levam ao abismo. (Gostei da frase).

Um clube de futebol é feito de jogadores e torcida. Tenho certeza que (quem não é torcedor) você lembra da conquista do mundial de clubes em 1981 pelo Flamengo de Raul, Mozer, Leandro, Adílio, Andrade, Tita, Zico, Nunes e o elenco fantástico que o clube tinha (esqueci o resto). Ou o São Paulo Campeão Mundial de 2005 de Rogério Ceni, Lugano, Grafiti e Amoroso (esqueci o resto). O Grêmio em 1983 de Mazaropi, Bonamigo, Caju, Mario Sérgio e Renato Gaúcho (esqueci o resto). São estes nomes que ficam. Você lembra quem eram os presidentes destes clubes na época¿ Nem eu. Quando os gestores se tocam disso, geralmente eles entram para a história do clube, para sócios e os torcedores mais apaixonados lembrarem deles.

O que o presidente do clube precisa é juntar o melhor elenco de jogadores e um bom técnico. Eu sempre falei que montar o Atlético de 2001, o Coritiba de 85, o Atlético de 2005, o Coritiba de 2011, aquele Paraná Clube quinto colocado de 2006 não é uma tarefa fácil e muitas vezes tem a conjunção astral e de um pouco de sorte ligada ao bom trabalho de gestão e contratações. Pense (a missão): tem jogadores bons, recomendados, prontos, saudáveis e chegam no seu clube, jogam duas partidas e vão morar no departamento médico. Outros que são renegados em outros clubes e resolvem jogar muito no seu. Tem o prata da casa que é artilheiro da base, sobe para o profissional e não engrena. É emprestado, joga muito e volta para fracassar. Errar é mais fácil e no fim do ano, só quatro conquistam a vaga na Libertadores. Do quinto colocado em diante, todos fracassaram.

Vamos olhar no umbigo do nosso futebol paranaense, onde os acertos, além de serem feitos com baixo orçamento, precisam da sorte para achar Éderson, Walter, Rafinha, Evandro, Carlão e ter além deles, outros 15 atletas que se entendam, se completem e que formem um bom grupo. Esta receita não é uma ciência exata. E não é não dura muito também. Só ver o Cruzeiro, Bi-Campeão Brasileiro e este ano está quase na Zona de Rebaixamento.

Eu não inventei esta teoria. Ela é inspirada no gênio Nelson Rodrigues, que dizia: o que marca o campeão, e lhe dá, entre os demais, uma forte e crespa dessemelhança, é a sorte, ou seja — uma virtude sobrenatural.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator