Nas grandes cidades, por questão de preço (casas são mais caras) e de segurança, as pessoas tem trocado a casa pelo apartamento. E é essa mudança de comportamento do brasileiro que tem contribuído para que o número de gatos, como pets, tenha apresentado o dobro do crescimento do número de cães. Eles são mais independentes e não exigem que seus donos saiam para passear, no mínino, duas vezes ao dia. A análise é da Associação da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), que apontou um avanço de 16,3% na população de gatos, entre 2010 e 2012. Já a população de cães cresceu 8,1% no mesmo período.

Apesar de a adaptação ao espaço dos gatos ser mais demorada e difícil que a dos cães, eles têm conquistado cada vez mais um número de pessoas. Essa tendência pode ser constatada pelo número de postagens nas redes sociais e também pelos números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Em 2013, a população de gatos em domicílios brasileiros foi estimada em 22,1 milhões, o que representa aproximadamente 1,9 gato por domicílio que tem esse animal, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013).

O presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, acrescenta ainda o gasto como um dos responsáveis pela preferência por gatos, uma vez que eles demandam menos produtos, pois de modo geral comem menos que os cães. Como os gatos têm o hábito de tomar banho de língua, eles costumam ser mais limpos que os cães.

A peridiocidade dos banhos nos gatos deve ser maior, pois como são bastante territorias, dar banhos demais estressa eles que perdem no banho o seu cheiro característico, explica a veterina Priscila Harami, que tem um consultório instalado no petshop Nosso Pet (à Rua Augusto Stresser, 725, no bairro Juvevê). Ela aconselha que os banhos sejam dados a cada 30, 40 dias, salvos se eles estiverem tratando algum tipo de doença. Por eles ficaram se lambendo muito, os gatos tem um certa predisposição a desenvolverem determinados tipos de fungos, que podem causar problemas de pele, esclarece.

Gateira assumida (ela tem seis bichanos), Priscila alerta que, embora os gatos demandem relativamente menores gastos que os cães, eles não são brinquedos e, ao contrário do que pensam, exigem bastante atenção dos donos no que diz respeito a cuidados. Quem adota um gato tem de ter noção de que o animal precisa ter a caixa de areia limpa com bastante regularidade. Como eles são muito limpos, não aceitam fazer as necessidades em caixas sujas, diz a veterinária.

Em situações de descaso com a higiene é comum que os gatos façam as necessidades em locais bem visíveis, como por exemplo, travesseiros, roupas e sapatos do dono, etc. Priscila ressalta que como os gatos não são carentes, como os cães, algumas pessoas pensam erroneamente que eles ficam muito bem sozinhos. Mas não é bem assim. “Eles são apenas mais independentes, mas precisam também de atenção quando o dono está em casa”, diz. 

Priscila explica ainda que os custos mensais de um gato partem de R$ 80 (com ração e areia) e anualmente há a obrigatoriedade de aplicar as vacinas quadrúplas e antirábica, que custam, em média, R$ 150. É importante também dar vermífugos a cada três meses, até por conta dos problemas de pele comuns aos gatos, conta.

PARA UMA ADAPTAÇÃO TRANQUILA AO ESPAÇO
Para quem está pensando em aderir a nova tendência felina, a veterinária Priscila Harami, do Nosso Pet, dá algumas dicas simples. O ideal é escolher um cômodo pequeno para começar a fazer a adaptação do gato à casa. Pode ser uma lavanderia ou um banheiro, mas é importante criar um espaço para ele, com a cama, comida e a caixa de areia. Ele pode ficar ali nos primeiros três dias para, aos poucos, os demais espaços serem liberados, também aos poucos, conta.

Esse cuidado, segundo ela, é por conta da caracteristica dos felinos, que precisam ir se acostumando aos espaços novos. Pessoas estranhas, neste período de adaptação, também devem ser evitadas, conta. Por isso, se houver visitas é melhor deixar eles fechados no espaço que foi primeiro delimitado. Ali eles irão começar a sentir o cheiro deles e, deste modo, ficar mais calmos, explica.

Uma outra dica é usar a caixa de transporte como uma toca. Para tal, basta recorrer a uma manta grande o suficiente para forrar o espaço interno da caixa e também externo. Gatos são felinos e adoram brincar de se esconder, principalmente em lugares quentes, como debaixo de cobertores e tapetes. Caixas de sapatos e tudo que balançar (como fios de roupas) serão os alvos ideias para que eles coloquem em prática o seu instinto de caça.  

Além disso, antes de se lançar como candidata a uma adoção felina, Priscila ressalta que gatos são metódicos e detestam mudanças. E isso vale para quem gosta de mudar a mobília da casa a cada semana. Se você ficar mudado as coisa dele então, aí ele vai tomar como provocação e pode se vingar fazendo xixi em sua roupa, diz. No entanto, ela ressalta que quem tem gato uma vez, jamais vai querer deixar de ter um bichano por perto. Eles são muito particulares e viver com eles é uma surpresa a cada dia, finaliza.


OS PETS FELINOS, SEGUNDO O IBGE

– 17,7% das casas brasileiras têm pelo menos um gato
– 11,5 milhões de lares brasileiros são de gateiros
– 22,1 milhões é a população de gatos no Brasil
– 45 mil clínicas veterinárias estão distribuídas pelo País, segundo dados da Abinpet