SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Centenas de refugiados protestaram nesta quarta (2) em frente à estação ferroviária de Keleti, o principal terminal internacional de trens na Hungria, após a polícia bloquear o acesso de estrangeiros pelo segundo dia seguido, os quais tentam chegar, principalmente, à Alemanha.
Os distúrbios ocorrem um dia antes do premiê húngaro, Viktor Orban, se reunir com outros líderes europeus para discutir a maior crise de refugiados que o continente vive desde a Segunda Guerra Mundial.
Muitos dos refugiados já haviam comprado passagens após um aparente afrouxamento do controle da Hungria sobre a imigração -desde a terça-feira, após liberar o embarque de diversos sírios e afegãos para outros países, o país voltou a retê-los.
Budapeste afirma estar tentando aplicar a chamada regra de Dublin, segundo a qual todo solicitante de asilo deve fazer seu pedido no primeiro país da zona Schengen em que chegou -o que tem causado demora no processamento de pedidos na Itália e na Grécia, além da Hungria.
A Alemanha, que já havia se oferecido para cadastrar os pedidos de asilo independentemente da regra de Dublin, se tornou o principal destino de sírios que chegam ao bloco. O país já reportou uma queda expressiva na chegada destes: cerca de 50 conseguiram desembarcar em Munique, em face a 2.400 na terça-feira.
A polícia húngara estima que 3.000 pessoas estejam acampadas na estação de Keleti.
CALAIS
No norte da França, centenas de pessoas que tentavam atravessar o túnel do Canal da Mancha em direção ao Reino Unido forçaram a parada não programada de cinco trens da Eurostar, serviço de alta velocidade que liga Paris a Londres.
Os imigrantes e refugiados acessaram a linha férrea nas proximidades da estação Calais-Frethun, contornando as cercas que protegem a linha. Estima-se que entre 3.000 e 4.000 africanos, asiáticos e provenientes do Oriente Médio estejam acampados na região na tentativa de chegar ao lado inglês do canal.
A SCNF, que opera as linhas férreas na França, cortou a energia elétrica em diversos pontos, deixando passageiros no escuro por horas. Em ao menos um dos trens, os passageiros foram solicitados a fazer silêncio e informar caso ouvisse o barulho de alguém escalando o vagão pelo lado de fora.
Em entrevista à rádio Europe 1, o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, disse que o país vai lançar mão de procedimentos legais contra todos os detidos por tentativa de invasão dos trilhos. “Nossa meta é reduzir o número de invasões a zero”, afirmou.
Ele disse ainda que nove pessoas morreram neste ano tentando cruzar o túnel ilegalmente.
EGEU
A imprensa turca reportou nesta quarta-feira a morte de 11 refugiados que tentavam cruzar o mar em direção à Grécia em um bote, partindo da costa de Bodrum.
Já a Grécia disse que sua Guarda Costeira interceptou 1.058 pessoas no mar Egeu, em 28 locais diferentes, em um período de 24 horas.
Isso não impediu que 17,5 mil refugiados chegassem e fossem registrados, na ilha grega de Lesbos, na última semana.