BRUNO VILLAS BÔAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A valorização do dólar ao longo do ano favoreceu o desempenho de algumas atividades da indústria do pais, como a de papel e celulose, mas não é capaz de salvar o desempenho do setor como um todo, disse André Macedo, gerente de Indústria do IBGE.
Das 24 atividades da indústria acompanhadas pelo IBGE, somente três tiveram aumento em junho deste ano, na comparação ao mesmo mês do ano passado. Um deles foi o setor de papel e celulose, com alta de 2,6%. A indústria em geral cai 8,9% nessa comparação.
“O setor de celulose tem um víeis positivo com a exportação. E há outros segmentos com algum favorecimento (como carnes). Mas o movimento não tem efeito imediato na indústria em geral. Os contratos de exportação são fechados com antecedência, de longo prazo, sem efeito tão rápido do câmbio”, disse Macedo.
O IBGE divulgou nesta quarta-feira que a produção industrial teve queda de 1,5% em julho, na comparação ao mês anterior, o pior resultado desde dezembro do ano passado. O setor de alimentos foi o principal responsável pela queda.
Setores como metalurgia e de produtos químicos, que poderiam estar sendo beneficiados por uma maior cotação do câmbio, não apontam resultados melhores. Ao longo do mês de referência da pesquisa (julho deste ano), o dólar comercial subiu 10%, para R$ 3,42.
Desde setembro do ano passado, a indústria teve oito meses de queda e somente três meses com taxas positivas. E, para piorar, a queda tem se intensificado, de 0,9% em junho para 1,5% em julho, na comparação ao mês anterior.
Segundo Macedo, a queda é explicada pelo baixo nível de confiança do empresário, o que inibe investimentos, e pelo baixo nível de confiança dos consumidores, o que reduz o consumo. No pano de fundo, piora do emprego, da renda, do crédito.
Além de mais intensas, a queda da indústria segue disseminada: sete em cada dez produtos industriais pesquisados pelo IBGE apresentaram queda em julho, na comparação ao mesmo mês do ano passado.