SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Departamento de Cidadania e Imigração do Canadá negou nesta quinta-feira (3) que tenha rejeitado um pedido de asilo da família do menino sírio Aylan Kurdi, cuja morte virou símbolo da crise dos refugiados na Europa. O corpo de Aylan Kurdi, 3, foi levado pela maré até a costa de Bodrum, na Turquia, após a embarcação em que estava virar em uma tentativa de travessia em direção á cidade grega de Kos. Além de Aylan, seu irmão Galip, de 5 anos, e sua mãe, Rehan, também morreram na tragédia, que envolveu o naufrágio de outro embarcação, totalizando 12 mortos. “Não há nenhum registro de que um pedido tenha sido feito em nome do sr. Abdullah Kurdi e de sua família”, disse o departamento em uma declaração. O órgão afirmou, porém, que Mohammad Kurdi, outro membro da família, teve um pedido rejeitado por falta de documentação. “Uma solicitação em nome de Mohammad Kurdi e sua família foi recebida pelo departamento, mas foi devolvida por estar incompleta, já que não atendia aos requerimentos para provar o reconhecimento do status de refugiado”, afirmou. A negativa foi feita depois de o legislador canadense Fin Donnelly ter dito que a família, que fugia da Síria, teria tido uma solicitação rejeitada apesar de ter parentes próximos no país oferecendo ajuda financeira e abrigo. Donnelly afirmou à imprensa canadense que submeteu o pedido em nome da família. Tima Kurdi, que é irmã de Abdullah e vive perto de Vancouver, disse inicialmente à mídia do Canadá que a família só tentou a perigosa travessia depois de ter seu pedido negado. Posteriormente, porém, ela afirmou que nenhum pedido formal foi feito em nome de Abdullah, esclarecendo que um foi enviado, e rejeitado, em nome de seu irmão Mohammad, que atualmente vive na Alemanha. Com informações diferentes vindo de várias partes do mundo, os relatos sobre o caso mudaram várias vezes durante esta quinta. Segundo o premiê do Canadá, Stephen Harper, alguns relatos iniciais continham informações imprecisas. IMAGEM ICÔNICA A imagem do corpo inerte de Aylan, flagrado de cabeça para baixo na areia pela fotógrafa Nilüfer Demir, viralizou na quarta-feira (2), destacando o desespero daqueles que arriscam suas vidas para fugir de conflitos. “Quando vi o corpo de Aylan, meu sangue realmente congelou”, afirmou Demir. O episódio avivou a comoção mundial em torno do fluxo sem precedentes de refugiados e migrantes que tentam chegar à Europa. Segundo dados da OIM (Organização Internacional de Migração), pelo menos 2.600 pessoas morreram desde o início de 2015 tentando chegar à Europa atravessando o Mediterrâneo. Descrevendo a tragédia, o pai de Aylan, Abdullah, disse que a embarcação superlotada virou momentos depois que seu capitão, descrito como um turco, entrou em pânico e abandonou o bote, deixando-o no comando. “Assumi o leme e comecei a manobrar. As ondas estavam muito altas, e o barco virou”, disse Abdullah, que trabalhava como barbeiro na Síria. “Tudo o que queria era estar com meus filhos agora”, afirmou à Associated Press. Mais tarde, em um relato feito à polícia e que foi vazado à agência de notícias turca Dogan, o pai fez um relato diferente, negando que um traficante de pessoas estivesse a bordo. Onde fica Kobani, Bodrum e Kos