Os jesuítas estão celebrando os 450 anos do seu Fundador: Inácio de Loyola. O evento é celebrado no mundo inteiro, face à influência exercida no meio da Igreja. Ao mesmo tempo, celebra-se o 5º aniversário do nascimento de Francisco Xavier e Pedro Fabro, companheiros de Inácio na Universidade de Paris e considerados co-fundadores da Companhia de Jesus. Para solenizar o evento, os jesuítas do Brasil decidiram promover um Simpósio Internacional, intitulado: “A globalização e os jesuítas: origem, hitória e impactos”. Devido à importância, o Simpósio contará com a presença e participação do Superior Geral da Ordem: Pe. Peter-Hans Kolvenbach. Os conferencistas do Simpósio são oriundos do Brasil e do


estrangeiro: uns jesuítas, outros leigos, todos competentes e qualificados.


A título de ilustração, anotamos alguns itens: a) Os jesuítas na formação histórico-brasileira – Prof. Pedro Puntoni, USP/SP; b) Os soldados de Cristo na terra dos papagaios – Dr. Luíz Felipe Baeta Neves, UERJ; A Missão Jesuíta nos Sete Povos das Missões – Pe. Dr. Bartolomeu Meliá, Assunción/Paraguai; d) Antônio Vieira – um jesuíta milenarista – Dr. Marcus A. Motta/UERJ; e) Origens universais da Companhia de Jesus – Pe.


Peter-Hans Kolvenvach, perito em Estudos Bíblicos Orientais e Superior Geral da Companhia de Jesus.


Como se vê, as matérias ultrapassam os limites do Brasil, da mesma forma como a globalização transpõe as fronteiras do mercado econômico para abraçar a comunicação social, onde se inserem os valores da fé e da razão. Valores estes que, na expressão do Papa João Paulo II, “constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”, a harmonização da justiça, a postura na moral, numa palavra: a apreciação e valor do homem todo e de todo os homens.


É nestes campos específicos que a Companhia de Jesus adquiriu elevado espírito de descortino e expressão universal. Desde a sua origem, os inacianos destacaram-se na restauração dos costumes morais e culturais, no avanço dos estudos humanos e literários, artísticos e espirituais. Na abertura do Simpósio (25.09.06), o Superior Geral dos jesuítas abordará estes assuntos, confirmando a presença e pujante atuação dos inacianos no


processo da globalização. Com efeito, desde a origem, a Companhia distinguiu-se pelo caráter internacional de sua composição humana, pela universalidade de seus


projetos e pela irradiação do seu papel missionário. Coube-lhe também


destacada participação no processo de globalização da cultura ocidental,


tanto pela ação educativa e contribuição pedagógica, como ainda pelo


diálogo intercultural, experienciado nos contactos religiosos e


missionários.


A influência dos inacianos se fez sentir no relacionamento do mundo profano com o religioso, entre o mundo dos cientistas com o dos literatos, entre o universo imanente com o transcendente. Graças às qualidades intelectuais, muitos jesuítas influenciaram a vida das cidades e das cortes, das cátedras universitárias e dos púlpitos sagrados, não se


limitando apenas ao mundo masculino. Não poucos jesuítas celebrizaram-se na orientação dos claustros e da corte feminina dos palácios reais. No que se refere à ação pedagógica, os jesuítas situaram-se num plano novo, conhecido como RATIO STUDIORUM, método fadado a grandes êxitos educacionais. Trata-se de um nome pomposo, mas adaptado às línguas


antigas, sem deixar de lado as técnicas do estímulo e do encorajamento, da premiação e da emulação nos exercícios físicos. Os alunos acorreram em grande número às portas dos colégios jesuítas. Não obstante, convém assinalar que, no 1º plano apostólico de Inácio, os colégios não faziam parte, devido à precária mobilidade apostólica dos mestres, ocupados nas escolas.


O Simpósio a ser realizado pelo Centro de Estudos Superiores Filosofia e Teologia dos Jesuítas, em Belo Horizonte, pela PUC do Rio e Unisinos, de São Leopoldo, abrirá o leque de contribuições acadêmicas e demonstrará como os jesuítas têm participado da “globalização” em seus variados aspectos: pedagógico, literário, científico, astronômico, missionário e astrofísico. Ao mesmo tempo, procurará fazê-lo com competência e clara visão de futuro. O que mais chama atenção, neste verdadeiro processo de “globalização”, é que ele se realiza na base de um diálogo denso e profundo, sem terrorismos nem derramamento de sangue, aberto ao futuro e atento às gerações do porvir.


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Vendelino Estanislau é professor aposentado pela Pontifícia Universidade


Católica do Paraná.