Sofrer um lapso de memória durante uma palestra, se esquecer de uma palavra e perder-se no caminho para casa. Estes são os primeiros sinais de que algo não vai bem com Alice Howland. A professora e pesquisadora de linguística interpretada pela atriz Juliane Moore no filme Para Sempre Alice descobre ser portadora de um tipo raro de Alzheimer, genético e hereditário. Enquanto a trama segue mostrando o progresso da doença de Alice – personagem que rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Juliane – seus filhos têm a opção de realizar um exame genético para verificar se seriam portadores do gene da doença.
Pode parecer coisa de cinema, mas os testes de genética preventiva — ou medicina personalizada — já são capazes de revelar riscos genéticos para o desenvolvimento de doenças a partir da simples coleta de células da mucosa bucal. Segundo o bioquímico Marcos Kozlowski, responsável técnico do LANAC-Laboratório de Análises Clínicas, os exames não revelam se o paciente terá ou não determinada doença, mas sim se ele tem chances de desenvolvê-la em algum momento da vida. Assim, pessoas mais predispostas a determinadas patologias podem adotar medidas preventivas simples ou assumir procedimentos mais rígidos para a prevenção, de acordo com orientações do médico, explica. Em muitos países, as avaliações deste tipo já foram incorporadas pela saúde pública, proporcionando redução de custos e de mortalidade significativos.
A detecção de qualquer doença grave em seus primeiros estágios é essencial para o sucesso do tratamento. No caso do Alzheimer, o diagnóstico precoce é ainda mais importante, já que a doença não tem cura e o único recurso disponível é o controle do distúrbio, por meio de medicamentos. Ainda não existem remédios capazes de evitar a condição, mas sim de controlar o seu avanço. Portanto, identificar os mecanismos associados ao Alzheimer ajuda os cientistas a entenderem melhor a doença e pode auxiliar outros estudos que tentam descobrir formas de impedir que a ela se desenvolva, conta Kozlowski.