Como não estou no dia a dia das coberturas esportivas, simplesmente por não estar em nenhum prefixo radiofônico, estou tendo a oportunidade de observar algumas coisas que normalmente não via e julgo serem relevantes para que possamos refletir.
Por exemplo, no início da temporada, vejo muitos clubes reclamando dos calendários, da falta de datas para a preparação de equipes. Realmente, temos um calendário maluco que não é visto em nenhuma parte do mundo.
Entretanto, nenhum País do mundo tem tantos times e tantas competições como nós temos. Aqui se joga um campeonato estadual e duas competições nacionais. Infelizmente por falta de interesse e ou competência de nossos gestores, o campeonato caseiro passou a ser deficitário e tende a acabar.
Os clubes reclamam de falta tempo, mas querem organizar uma copa regional. Logo, o problema não são as datas nem a quantidade de jogos; a questão é financeira. Aumentará a quantidade de jogos no ano e diminuirá o tempo de pré-temporada já que as disputas começam geralmente em janeiro. Ora, lutamos então por algo que nos fará mal.
A Copa do Brasil dá vaga para a Taça Libertadores. É chegada a hora de disputar o Campeonato Brasileiro. Vale a pena perguntar quais são os objetivos. A resposta vem de pronto: no mínimo uma vaga para a Taça Libertadores.
No entanto, se o clube não for capaz de atingir esse objetivo, o prêmio de consolação é uma vaga na Copa Sul-Americana. Qual o principal objetivo desta competição além do dinheiro? De pronto a vem a mesma resposta: “vaga na Taça Libertadores”. Mais uma vez, não entendo mais nada.
Ainda sobre falta de tempo para uma melhor preparação física dos jogadores, e por conta da quantidade de jogos causados por esse calendário maluco, os treinadores de futebol descobriram uma palavrinha mágica: rodízio de jogadores e/ou “gestão de grupo”.
Parei para analisar essa modinha e para tentar entender esse procedimento dos clubes. A resposta deles é que, providenciando essa rotação no elenco, o número de contusões diminuiria. Dizem encontrar na tecnologia equipamentos que acusam a fadiga dos atletas.
Assim, se os clubes têm departamentos de inteligência, exames laboratoriais, equipamentos que monitoram todos os jogadores durante os treinamentos e nos jogos, são ferramentas que acusam a proximidade das lesões, como explicar o número de jogadores que se contundiram nos últimos meses? O que teria havido com o Walter e com o Kleber no clássico Atletiba? Não consegui entender.
Também tenho observado que há uma corrente muito forte no futebol mundial para a inserção de mais tecnologia em campo para melhorar o esporte. Já houve avanços, como a colocação de um chip na bola para que acuse se ela passou a linha de gol.
Devido ao conservadorismo monumental que existe na FIFA, buscar recursos tecnológicos para minimizar erros de arbitragens parecem ser providências que não fazem parte das principais listas de prioridades da entidade.
É um absurdo que ainda vivamos a ideia de que as discussões nos balcões de botecos, pelas ruas das cidades, dentro das empresas ainda sejam o maior combustível que alimenta paixões pelo futebol. Fala-se em profissionalização da arbitragem. Não vejo como solução para todos os erros. Apenas teríamos a possibilidade de cobrá-los e puni-los por erros cometidos.
Outra possibilidade seria imitar esportes como o tênis e voleibol. É muito bom evitar erros e cometer menos injustiças simplesmente recorrendo ás imagens de televisão antes da tomada de decisão equivocada.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo