CLAUDIA ROLLI E ALEXANDRE ARAGÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse nesta sexta-feira (25) que os empresários estão preparados para “ir à guerra”, caso o governo mantenha a intenção de reduzir o repasse de recursos para o Sistema S, que reúne entidades como Sesi, Senai e Sebrae.
A redução é uma das medidas previstas no pacote de ajuste fiscal do governo, mas a proposta ainda não foi enviada ao Congresso. A ideia inicial era cortar 30% dos recursos do Sistema S para usar esse montante para cobrir o rombo da Previdência.
Após representantes da indústria, comércio e serviço terem feito pressão contra a mudança, o governo sinalizou que pode baixar essa redução para 20%. Mas os dirigentes da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Fiesp e Firjan, federação que reúne as indústrias do Rio, não consideram a mudança suficiente.
“Se o governo encaminhar a proposta [de corte], estaremos prontos para a guerra no Congresso Nacional. Não vamos permitir que o governo feche escolas ou deixe de dar oportunidade a milhões de alunos em escolas de qualidade na formação profissional, na prática de esporte e na cultura. Não acredito que essa intenção irá prosperar”, disse.
A declaração foi feita momentos antes de o presidente da Fiesp jantar nesta sexta com o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na sede da entidade. Participaram do encontro empresários dos setores automotivo, têxtil, transporte e agronegócios, além de representantes de federações das indústrias de outros Estados. Eles não falaram com a imprensa.
“O governo está querendo atrapalhar aquilo que funciona bem. Todos reconhecem o trabalho que Sesi, Senai e Sebrae fazem em São Paulo”, disse Skaf. “Para o Brasil, o custo-benefício é excelente. Há pesquisas que mostram que a indústria está feliz em pagar o Senai e não está reclamando em pagar [a contribuição para o sistema é sobre a folha de pagamento das empresas]. Ela reclama de pagar imposto.”
O empresário ressaltou ainda que, ao tentar usar os recursos do sistema S, o governo “manifesta a intenção de um confisco”. “É um desvio de finalidade porque fere princípio constitucional, porque esses recursos são previstos em lei pela Constituição.”