Se as altas temperaturas representam um motivo para mergulhar em rios, lagos, cavas, pesques-pague e represas, as estatísticas epidemiológicas podem fazer muita gente desistir dessa ideia. Dos 96 casos de leptospirose confirmados em Curitiba – com oito óbitos – em 2014, 19% foram infectados em momentos de lazer nesses locais. Este ano, até agora, a Secretaria Municipal da Saúde registrou 103 casos – com sete óbitos – de leptospirose em Curitiba.

A leptospirose é uma doença transmitida por uma bactéria presente na urina de rato – a leptospira –, transmissível com maior facilidade em períodos de chuvas. A maioria das pessoas se preocupa em cuidar nas situações de chuva forte, enchente, o que é fundamental. Mas não se pode ignorar o risco existente em locais como rios e cavas, principalmente, pois a água também pode estar contaminada com a bactéria, afirma a diretora do Centro de Epidemiologia, Juliane Oliveira. Além disso, as cavas são locais de perigo de afogamento, o que é sempre alertado pela Defesa Civil do Município.

Juliane explica que a forma leve da leptospirose pode ser confundida com uma gripe forte ou mesmo dengue, pois os sintomas são os mesmos: febre, dor de cabeça e dor no corpo. Já na forma mais grave da doença, a pessoa pode apresentar ainda icterícia (amarelão), insuficiência renal e até mesmo hemorragia pulmonar. Por isso, quando surgirem sintomas como esses, é muito importante procurar atendimento médico e informar ao profissional se teve contato com água da chuva ou mesmo se foi pescar ou nadar em rios, destaca.

Todos os casos confirmados de leptospirose em Curitiba são monitorados pelo Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). A equipe do UVZ vai até o paciente para identificar as possíveis causas da doença. O biólogo do UVZ, Diogo Ferraz, comenta que é feita uma análise profunda do ambiente onde a pessoa vive, trabalha ou freqüenta e, a partir daí, são desencadeados trabalhos preventivos.

 

Algumas atitudes podem evitar a leptospirose:

– Evite nadar ou pescar em cavas, rios, represas ou lagos, principalmente após chuvas fortes;

– Ao circular por áreas que foram atingidas pelas chuvas, use sempre calçados bem fechados, preferencialmente botas longas;

– Inutilize todos os alimentos que tenham tido contato com a água das chuvas;

– Ao fazer a limpeza de residências, use sempre botas e luvas;

– Evite levar a mão molhada à boca ou aos olhos. Com isso, evita-se que a bactéria penetre por lesões existentes na pele ou nas mucosas;

– Animais domésticos devem ser vacinados com regularidade para evitar a doença;

– O lixo doméstico deve estar sempre embalado;

– Só consuma água fervida ou coloque algumas gotas de hipoclorito de sódio ou de água sanitária antes de beber ou cozinhar;

– Lave bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que serão consumidas cruas;

– Mantenha as caixas d’água sempre tampadas;

– Mantenha os alimentos guardados em recipientes bem fechados e à prova de roedores (latas de vidro, alumínio);

– Retire as sobras de comida ou ração de animais domésticos antes do anoitecer e mantenha limpos os vasilhames;

– Quintais e terrenos devem estar sempre limpos e sem o acúmulo de entulhoscomo telhas, madeiras e materiais de construção, que costumam servir de abrigo aos roedores;

– Não jogue lixo nas ruas, córregos e rios;

– Ao perceber qualquer sintoma, procure um serviço de saúde e evite a automedicação.