Não precisa ser um especialista para perceber o grande erro que a maioria das diretorias de clubes brasileiros faz quando duas tarefas básicas são mal feitas: Contratação de técnicos e montagem de elencos. Se você analisar as contratações dos dois clubes líderes do Brasileirão, vai acabar percebendo o óbvio. Fácil notar que Corinthians e Atlético Mineiro seguem com a mesma comissão técnica e a base do elenco que começou o ano.

Os times que trocaram os técnicos, mas que não saíram loucamente atrás de jogadores para contratar em junho e julho, estão no G-4. É o caso de Grêmio e Palmeiras, que trocaram apenas uma vez de técnicos e contrataram no início do ano, mas ao longo do Brasileirão, fizeram poucas contratações pontuais.

Olhando para os clubes de Curitiba, o Coritiba somente começou a jogar bem quando veio o técnico Ney Franco (dia 7 de junho) e com ele, contratações de jogadores para posições chave, tais como goleiros, zagueiros e atacantes. Ney Franco levou uma sorte danada em chamar o Evandro, que em dois jogos entrou, fez o gol da vitória e logo depois contratou Henrique Almeida, que fez mais gols no Coxa do que em toda a sua carreira. É claro que o Ney Franco tem competência, mas a sorte de achar estes jogadores foi algo que a ciência exata não explica. Foi uma aposta.

O Atlético estava no G-4, jogando só o Brasileirão, sem muita opção no banco de reservas e mesmo aos trancos e barrancos, vinha tendo um bom desempenho. Então começou a Sulamericana, o time priorizou a competição continental, os adversários contratando técnicos, jogadores, alguns times consertando erros do início de temporada, passando à frente do Atlético no Brasileirão e olha só o que aconteceu¿ O clube, que todos nós sabíamos que não tinha elenco, começou a mostrar deficiências, falta de jogadores no banco e o técnico foi o primeiro que dançou. E não preciso lembrar que dirigente tem uma mania de mandar técnico embora para responder as vaias da torcida.

Um bom trabalho na escolha da combinação comissão técnica-elenco rende bons frutos. O próprio Coritiba fazia isto na primeira fase da gestão do presidente Vilson. Ele assumiu o time caindo para a segunda divisão, manteve Ney Franco, conquistou o paranaense e a vaga à primeira divisão. Ney Franco saiu porque quis, o clube contratou Marcelo Oliveira e reforçou o elenco. Foi duas vezes Campeão Paranaense, teve aquela série invicta e chegou à decisão da Copa do Brasil duas vezes. Quando começou a perder seus bons jogadores e contratar atacantes que não marcavam gols, deixar sair do clube jogadores que eram peças chave no elenco e não repor, o Coritiba começou a sofrer da doença crônica do futebol brazuca… Mandar técnicos embora.

No Atlético, entre 2012 até hoje o clube trocou muito de técnico. De Juan Ramón Carrasco até Milton Mendes, foram 12 trocas. Um técnico a cada três meses. Algum bom resultado para comemorar¿ Quartas de final da Copa do Brasil com Carrasco, a decisão da Copa do Brasil com Vagner Mancini e nada mais. Mancini conquistou a vaga na Libertadores e como prêmio foi mandado embora.

Os técnicos vencedores na atualidade foram os que ficaram mais tempo nos clubes, com elencos qualificados: Marcelo Oliveira (Coritiba e Cruzeiro), Tite (Corinthians), Levir Culpi (Atlético MG) e Cuca (Atlético MG). Um clube hoje precisa ter no mínimo 15 titulares para sobreviver ao calendário do futebol que não tem mais o Bom Senso Futebol Clube e não terá bom senso na CBF. Na loucura deste nosso futebol, os técnicos brasileiros precisam musicar conforme a dança.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator