PARANÁ ITALIANO – Foi por volta de 1860 que a imigração italiana chegou ao Paraná. E o turismo rural passa pela história dos pioneiros. Chefiados pelo padre Ângelo Cavalli, desembarcaram em Paranaguá, passaram um período em Morretes e subiram a Serra do Mar, para fundar a Colônia Alfredo Chaves, no lado norte de Curitiba. Os italianos cultivam até hoje a música, a religiosidade, os jogos, mantendo a arquitetura e instrumentos agrícolas para lembrar o estilo de vida dos antepassados. Em 1890 a colônia já era próspera e passou a vila, recebendo então o nome de Colombo. As famílias que originaram o município continuam no meio rural. Cultivando a terra e fazendo de Colombo um dos principais produtores de hortaliças do Paraná. Além de produzir alimentos de superfície, Colombo tem minérios – cal e calcário – utilizados na construção civil e também para a correção agrícola dos solos. E, mais importante, tem o imenso aquífero para abastecimento de Curitiba e do próprio município.

Em 1999 foi lançado o Circuito Italiano de Turismo Rural, iniciando na Rodovia da Uva, passando pela sede do município e pelas comunidades rurais de São João, Ribeirão das Onças, Capivari, no seu eixo principal, seguindo para Bocaiuva do Sul, São Sebastião, Santa Gema, Roseira e Bacaetava. Um circuito de 32 quilômetros. Quem segue o roteiro pode curtir pesca, passeios a cavalo, caminhadas, visitar grutas, conhecer a atividade agrícola da região e provar vinhos, além de admirar remanescentes da arquitetura italiana. Nos restaurantes, tudo de bom: polenta, risoto, frango à passarinho, junto com outros pratos da culinária dos oriundi. Um destaque para a Festa da Uva, que acontece na primeira quinzena de fevereiro, e a Festa do Vinho, em agosto. São três dias de exposições, shows, venda de produtos artesanais, doces, geleias, sucos, conservas e hortaliças orgânicas.

Outros eventos populares são o Rodeio Crioulo Interestadual e a Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio, na igreja de Capivari. Roseira, na Colônia Faria, Ribeirão das Onças e Santa Gema também têm romarias. A Igreja de Bacaetav, mais moderna, inspirou a construção de um portal e placas indicativas do circuito.

COREANOS EM SÃO PAULO – Em 1998 a colônia coreana em São Paulo já atingia 80 mil pessoas. Sem o peso e a dimensão dos grupos de origem italiana, japonesa ou alemã, os coreanos passaram a chamar a atenção por outros motivos. Um deles foi a espantosa penetração desses imigrantes em ramos comerciais antes dominados pelos judeus e árabes. A confecção passou rapidamente para as mãos coreanas através de pequenas empresas de estrutura familiar e em pouco tempo uma em cada três roupas vendidas no Brasil eram confeccionadas e vendidas por coreanos. Nas vitrines do Bom Retiro, bairro paulista centro de produção e venda da colônia, as roupas coreanas passaram a ser compradas pela metade do preço cobrado nas lojas de shopping centers. Os imigrantes escolheram um ramo onde a mão de obra barata faz a diferença e o domínio da língua não é necessário.

A motivação para os asiáticos saírem de um país de renda per capita e índices sociais superiores aos do Brasil é simples: a partir da década de 60 os motivos da grande jornada rumo ao desconhecido começavam na crise econômica da Ásia e o fato da Coréia ter saído de uma guerra – a II Guerra Mundial – que dividiu o país em lado sul, capitalista, e norte, comunista. Uma guerra civil nos anos 50 desestruturou a economia nacional e fez com que dois terços da população ficassem concentrados no sul e a maior parte das indústrias no norte. Mais de 5 milhões de coreanos deixaram o país natal. Um milhão foi para os Estados Unidos e o Brasil ficou sendo o sexto país que mais recebeu imigrantes coreanos, atrás da China, Japão, Rússia e Canadá. No Brasil os pioneiros tentaram primeiro a agricultura, já que era a condição básica imposta pelo governo para a concessão de vistos. Mas eles seguiram os passos dos italianos e japoneses e rapidamente abandonaram a enxada para aventuras empresarias nas cidades. São Paulo foi o Eldorado no início dos anos 70. Muitas vezes estiveram ligados à exploração de mão de obra ilegal dos próprios patrícios ou de bolivianos, nas oficinas de costura improvisadas. A semi-escravidão , ou escravidão declarada, com salários quase inexistentes e jornadas máximas nas oficinas, foi a forma para competir no mercado brasileiro. Os clandestinos chegaram via Paraguai e Bolívia, em rotas semelhantes às do narcotráfico. Nos anos 70, 70% dos coreanos morando no Brasil eram clandestinos. Os imigrantes são agressivos nos negócios, mas discretos na vida pessoal. Os bairros japoneses e chineses nas grandes cidades como São Paulo, Londres, San Francisco, Nova York são caracterizados pela decoração típica e as marcas culturais. Nos bairros onde vivem os coreanos só pequenos detalhes marcam presença: um restaurante com comida típica apimentada, por exemplo. O português falado é quase irreconhecível. Eles casam entre si e montam seus negócios em família, o homem à frente das finanças, a mulher escolhendo os artigos a serem vendidos. Importante é saber que na Coréia do Sul há um cuidado especial com a educação. Se na década de 50 apenas uma em cada sete pessoas era alfabetizada, hoje praticamente todos os jovens fazem ensino médio. Em São Paulo os pais coreanos se preocupam em colocar os filhos nas melhores escolas, mesmo sabendo que as mensalidades são caras. E os que tentam o vestibular, passam à frente nas melhores faculdades. Nas poucas horas de lazer, acompanham a programação da televisão de Seul, procuram campos de golfe e gostam de karaokês. E vestem a mulher brasileira com 40% de desconto.

HISTÓRIA ESQUECIDA – Mosteiro de São Bento, Colégio Visconde de Porto Seguro (fundado como Deutsche Schule), Instituto Goethe, Hospital Santa Catarina, Esporte Clube Pinheiros ( nasceu do Sport Club Germânia), Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Colégio Humboldt. Não são poucas as marcas que os imigrantes alemães deixaram em São Paulo. Ao contrário do que acontece no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a história germânica paulista ficou esquecida. Alguns anos depois do fluxo migratório de alemães que se estabeleceram nos Estados do Sul, a primeira leva que chegou a São Paulo desembarcou em Santos, em 13 de dezembro de 1827. Eram 226 homens, mulheres, crianças, artesãos e agricultores procurando condições econômicas melhores.

Os pioneiros ficaram alojados em um hospital militar na Chácara Bento André, região de Santo Amaro. Em junho de 1829 grande parte do grupo aceitou explorar as terras oferecidas pelo Império onde hoje fica o distrito de Santo Amaro. As casas eram de taipa de pilão, quando foi fundado o bairro da Colônia, no extremo sul do município. Até o fim de 1829 eram 149 famílias e 72 solteiros, num total de 926 imigrantes alemães no Estados de São Paulo, sendo que 336 se estabeleceram em Colônia, e o restante rumou para o interior.

HISTÓRIA SEMPRE LEMBRADA – Em 25 de julho de 1824 desembarcaram, às margens do rio dos Sinos, em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, os 39 primeiros imigrantes alemães. Cinco anos depois eles chegavam em Santa Catarina para cormar a colônia São Pedro de Alcântara, dando início a um dos mais bem sucedidos processos de imigração no Brasil. A maioria era oriunda do Norte da Alemanha. Foram responsáveis pelas mudanças na cultura brasileira, atuando no desenvolvimento econômico e cultural, influenciando nos hábitos alimentares, introduzindo o pão preto e os embutidos na mesa de todos. Também fizeram valer o uso dos sapatos. E forçaram a criação da classe média brasileira. Embora declarados camponeses, eram na verdade tipógrafos, alfaiates, fotógrafos e artesãos. Aos poucos foram se instalando nos centros urbanos em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo. No início da imigração, a população luso-afro-brasileira era composta de 95% de analfabetos. Os imigrantes, por outro lado, eram 80% alfabetizados. Em solo brasileiros, construíram igrejas, escolas, hospitais e associações recreativas e implantaram em São Pedro de Alcântara um modelo de colonização com ideais social-democratas, antes mesmo desles ganharem forma na Alemanha. Muitos dos imigrantes estavam fugindo da repressão aos movimentos liberais e acharam aqui a possibilidade de coloca-los em prática. A colônia Dona Francisca – hoje Joinville – é exemplo de administração independente, adotando um conselho comunal e fazendo redistribuição da riqueza através do pagamento de impostos. Quem tinha mais, pagava mais. Embora sempre se afirme que os alemães chegaram primeiro em São Pedro de Alcântara, há historiadores que afirmam que os imigrantes chegaram primeiro no Planalto Norte do Estado, com a primeira colônia germânica instalada em Mafra, na região do Contestado, em 6 de fevereiro de 1829, 24 dias antes da chegada dos alemães em São Pedro de Alcântara. A colonização alemã do Vale do Itajaí se deve a dois fatores: a estrutura praticamente feudal da terra na Alemanha do século 19 e a necessidade de garantir as fronteiras do Brasil, ocupando terras inexploradas nas proximidades dos limites territoriais brasileiros. Enquanto na Alemanha era muito difícil ter um pedaço de chão, a Argentina sempre esteve logo alie poderia, eventualmente, avançar sobre nossos domínios.

POMERODE – Os imigrantes vindos da Pomerânia, região da Alemanha que tem alguma similaridade topográfica com o local escolhido no Brasil, trouxeram na bagagem o platt pommersche, um dialeto pouco propagado na Alemanha, mais muito utilizado pelos habitantes mais antigos de Pomerode. E é o idioma que garante à cidade o título de mais alemã do Brasil. Praticamente 90% da população fala alemão. Nas casas permanece a arquitetura típica, nos restaurantes a gastronomia destaca os embutidos, a batata cozida, o chucrute. E faz fama na culinária local o marreco ou pato assado, com purê de maçã e repolho cozido. Tudo regado à cerveja, claro. As festas típicas fazem o calendário anual movimentado, o que é um atrativo a mais para o turista.

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Comida forte e farta, uma tradição germânica na culinária européia e brasileiraCanecões de  cerveja são o combustível da alegria na OktoberfestAnote na agenda as datas da grande festa em Blumenau

OKTOBERFEST EM BLUMENAU – Outubro marca a grande festa alemã de Blumenau, uma das maiores do planeta. A tradição de festas alemãs remonta aos tempos de antes de Cristo. A Fasnet festejada na Suábia e o Fasching bávaro são de origem pagã. Tinham originalmente o objetivo de espantar os maus espíritos do inverno e ao mesmo tempo saudar a primavera, sempre ansiosamente esperada. Outras festas estão intimamente ligadas aos acontecimentos da vida campestre como as festas em agradecimento pela boa colheita em geral e, em particular, à colheita da uva.

As festas religiosas também têm destaque. O movimentado passado histórico da Alemanha é revivido todos os anos, em eventos comemorativos. Festivais acontecem no castelo de Jagsthausen, com representações da tradicional peça teatral Meistertrunk – Trago de Mestre – em Rothenburg, junto ao rio Tauber, ou da famosa lenda O Flautista de Hameln. Também é famosa a festa popular dos atiradores, em Hanover, a maior do gênero na Alemanha. Mercados anuais, originalmente centros de comércio, tornaram-se acontecimentos festivos conhecidos internacionalmente. Bom exemplo é o mercado natalino de Nüremberg, ou o mercado livre em Bremen, a conhecida feira da salsicha em Durkheim. Mas nada bate a fama da Oktoberfest em Munique, que acontece na verdade em setembro e também a festa popular de Stuttgart, no bairro de Cannstatt.