SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cervejaria SABMiller, a segunda maior do mundo, rejeitou a oferta informal de compra de quase US$ 100 bilhões feita pela gigante Anheuser-Busch InBev, afirmando que a proposta foi “muito baixa”.
A proposta representaria algo como 40 libras por ação, o que significaria avaliar a cervejaria em US$ 98,6 bilhões. Executivos da SABMiller e alguns acionistas viam como preço justo um valor em torno de 45 libras por ação, ou US$ 110,7 bilhões.
Após rejeitar a oferta informal, a SABMiller teria informado à AB InBev os termos segundo os quais toparia dar continuidade às negociações, de acordo com uma fonte. No entanto, a cervejaria rival estaria pensando em desistir do negócio.
Pelas regras do Reino Unido, a AB InBev teria até 14 de outubro para fazer uma oferta ou anunciar que não pretende dar sequência à compra. A SABMiller poderia também pedir prorrogação do prazo.
A SABMiller detém marcas como Peroni e Grolsh. Já a AB InBev é dona de marcas como Budweiser e Stella Artois e tem os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira entre os seus principais acionistas.
A notícia impactou as ações da SABMiller,que, por volta de 11h13, caíam 2,99%. Já os papéis da AB Inbev tinham leve alta de 0,28% no mesmo horário.
Caso se concretizasse, a fusão criaria uma empresa de US$ 265 bilhões que responderia por uma em cada três garrafas de cerveja produzidas no planeta. Seria também uma das maiores tomadas de controle acionário da história, e a maior em um ano que já vem sendo o mais forte em termos de transações de grande valor desde 2007.
O negócio, porém, certamente enfrentaria questões com as autoridades regulatórias, especialmente nos mercados americano e chinês.
O Departamento da Justiça dos EUA poderia obrigar a SAB a vender sua participação na MillerCoors, nos EUA, e o novo grupo teria que abrir mão dos 49% da SAB em uma associação que opera na China.
Outro complicador é que a SABMiller é a maior engarrafadora da Coca-Cola no mundo, enquanto a AB InBev tem acordos com a rival PepsiCo.
Uma série de transações ao longo dos últimos 10 anos transformou a AB InBev e a SAB nas duas maiores fabricantes mundiais de cerveja, e elas -em companhia da Heineken e Carlsberg- produzem metade da cerveja do planeta.
A primeira incursão de Lemann no universo da cerveja ocorreu em 1989, quando e ele e seus parceiros tomaram o controle da Brahma. Dez anos mais tarde, a Brahma assumiu o controle da Antarctica, então maior fabricante de cerveja do Brasil, para criar a Ambev, que deu a Lemann o poder de fogo de que ele necessitava para adquirir a Interbrew, da Bélgica, em 2004, criando a InBev.
A mais recente grande aquisição do grupo foi a tomada de controle da Anheuser-Busch, dos Estados Unidos, por US$ 52 bilhões, criando a AB InBev.