PEDRO LADEIRA E DÉBORA ÁLVARES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os manifestantes que passaram a noite no plenário 2 da Câmara dos Deputados saíram pacificamente às 7h, conforme acordo feito na madrugada desta terça-feira (6).
O grupo de cerca de 80 pessoas entre indígenas, quilombolas e representantes de outras comunidades participou de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Casa na tarde de segunda (5) e se negou a deixar o local em seguida.
Os deputados Paulo Pimenta (PT-RS), que preside a comissão, e Moema Gramacho (PT-BA) permaneceram com o grupo durante a noite para evitar uma retirada forçada deles da Câmara, assim como a subprocuradora Deborah Duprat.
O protesto foi contra assassinatos de lideranças, ações de fazendeiros e pela demarcação de terras indígenas e quilombolas.
Também se posicionam contra a PEC 215, que transfere para o Congresso a atribuição de oficializar a demarcação das terras indígenas, quilombos e demais comunidades tradicionais.
Há possibilidade da proposta ser votada nesta semana na comissão especial criada para analisá-la. O texto conta com aval da bancada ruralista.
Inicialmente, apenas o deputado Paulo Pimenta acompanhava o protesto -ele tentou um acordo com o grupo.
Propôs abrir uma sessão simbólica até as 7h de terça (6), quando 25 deles seriam recebidos pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ). Cunha, contudo, não aceitou esse acordo inicial.
Até meia-noite, outros parlamentares chegaram para tentar fazer o grupo mudar de ideia e deixar a Câmara.
Também entraram os deputados Sibá Machado (PT-AC), Chico Alencar (PSOL-RJ), Alessandro Molon (Rede-RJ) e o senador Lindbergh Faria (PT-RJ).
SEM LUZ
Para tentar forçar a saída do grupo, o presidente mandou desligar o ar condicionado e apagar as luzes. O grupo, contudo, se sentiu afrontado por Cunha e decidiu permanecer na Casa até 7h desta terça (6).
Os parlamentares que chegaram à Câmara tentaram acordos com ambos os lados. De Cunha, contudo, ouviram que, se o grupo deixasse a Casa Legislativa ainda à noite, ele receberia uma comissão formada por 25 representantes deles às 12h de quarta (6).
Como os manifestantes se recusaram a sair, o presidente da Câmara, então, disse que não os receberia, mas se comprometeu a não fazer nenhuma ação violenta de retirada deles durante a noite.
Do lado de fora, policiais militares foram chamados para apoiar a ação da Polícia Legislativa.
Todas as entradas do Congresso foram fechadas e ninguém foi autorizado a entrar, com exceção dos parlamentares.
Os policiais legislativos que permaneceram na porta e nos corredores do plenário onde se encontravam os manifestantes portavam os mesmos capacetes e bastões usados nas manifestações de junho de 2013.