SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ambiente de menor aversão ao risco no exterior ajudou o dólar a fechar em queda pela terceira sessão consecutiva nesta terça-feira (6). O movimento também foi influenciado pela sinalização da agência de risco Moody’s de que não deve rebaixar a nota de crédito do Brasil neste ano, apesar de ver piora nos indicadores econômicos do país.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 1,78%, para R$ 3,846 na venda. A moeda chegou a atingir mínima de R$ 3,828 durante o dia. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 1,56%, a R$ 3,841.
Entre as 24 principais divisas emergentes do mundo, a moeda americana caiu em relação a 18 -o real teve a quarta maior valorização, atrás apenas do rublo russo, da rúpia indonésia e do peso colombiano.
O ânimo no exterior reflete a perspectiva de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) deverá começar a subir os juros naquele país apenas em 2016, o que atrasa uma fuga de recursos das economias emergentes como o Brasil.
Essa avaliação, segundo analistas, ganhou reforço nesta sessão após a notícia de que o deficit comercial dos EUA aumentou para US$ 48,3 bilhões em agosto. O número representa um salto de 15,6% sobre julho -a maior expansão em cinco meses-, refletindo o fortalecimento do dólar e a queda nas exportações americanas.
Apesar do alívio externo, as atenções continuam voltadas ao quadro político no Brasil. Nesta terça-feira (6), a sessão que avaliaria no Congresso vetos presidenciais a medidas que elevam os gastos públicos caiu por falta de quórum.
Havia expectativa de que os parlamentares pudessem manter os vetos em meio ao esforço demonstrado pelo governo, que na véspera se reuniu com líderes da base aliada para pedir que eles compareçam à sessão legislativa desta terça.
“É um passo importante, mas com impacto limitado. Esse otimismo é um pouco perigoso, pois não há como acreditar que ele será estendido à aprovação da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira] e ao julgamento das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União nesta nesta quarta [7]”, disse Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos.
Para Petrassi, a moeda americana continua pressionada no médio prazo. “É um alívio momentâneo. O dólar deve voltar para a casa de R$ 4”, afirmou.
MOODY’S
Mauro Leos, vice-presidente e analista sênior da agência de classificação de risco Moodys afirmou nesta terça-feira que a nota de crédito do Brasil (Baa3) segue com perspectiva estável, o que significa que não há projeção de mudanças no intervalo entre 12 e 18 meses.
Leos, no entanto, alertou que as condições econômicas e políticas no Brasil devem apresentar melhora até meados de 2016 para que o país evite novo rebaixamento da sua nota de crédito.
A classificação de risco do Brasil foi rebaixada pela agência Standard & Poor’s em setembro, jogando o país no grau especulativo, que reúne países menos confiáveis. Na Moody’s, o Brasil ainda tem o grau de investimento, mas está a um passo de perdê-lo.
A sinalização de que o país não deve perder neste ano o selo de bom pagador concedido pela Moody’s ajudou o mercado de juros futuros a fechar em queda na BM&FBovespa. O contrato de DI para janeiro de 2016 cedeu de 14,484% para 14,373%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou para 15,200%, ante 15,260% na sessão anterior.
NOVA ALTA
O principal índice da Bolsa brasileira registrou alta pelo sexto dia nesta terça-feira, apesar de o avanço ter sido contido pelos mercados acionários nos Estados Unidos, que fecharam com sinais opostos. Na Europa, porém, os indicadores subiram em torno de 1%.
O Ibovespa teve valorização de 0,29%, para 47.735 pontos. É a maior sequência de altas desde o ano passado. O volume financeiro foi de R$ 6,4 bilhões.
O avanço das ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, sustentou o ganho do índice. Os papéis tiveram aumento de 4,73%, a R$ 8,19 cada um. Já as ações ordinárias, com direito a voto, subiram 5,21%, para R$ 9,89.
O movimento foi influenciado pelo aumento nos preços do petróleo no exterior e o anúncio de redução de 16% na previsão de gastos operacionais e investimentos da companhia para 2015 e o próximo ano.