RANIER BRAGON E DÉBORA ÁLVARES BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato e suspeito de manter contas secretas na Suíça, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na manhã desta quarta-feira (7), que não vai renunciar ao seu cargo de comando da Casa. “Eu não renuncio em nenhuma hipótese”, afirmou, após participar de um painel sobre radiodifusão. A declaração ocorre após vir a público que setores da oposição já começam a discutir hipóteses de afastamento do peemedebista da presidência da Câmara caso se confirmem as denúncias contra ele. Desde semana passada, quando vieram à tona informações de contas secretas na Suíça em nome do deputado e de seus familiares, oposicionistas, que têm se mantido fiéis a Cunha desde que ele assumiu a Câmara, em fevereiro, se dizem “entre a cruz e a espada”. Sabem que, frente a opinião pública, não podem defender o presidente da Câmara, mas dependem dele para dar andamento ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. PSDB A cúpula do PSDB no Congresso fechou questão quanto à posição da sigla sobre Cunha. Os principais líderes da legenda acordaram que os tucanos não devem nem “jogar pedra” nem “blindar” Cunha. A ordem é aguardar o surgimento das provas de que o peemedebista aparece como beneficiário de cerca de US$ 5 milhões em bancos da Suíça. Se isso acontecer, avaliam, a situação ficará “insustentável” e a saída de Cunha do comando da Casa ´será irremediável. Líderes da legenda dizem que o próprio Cunha sabe de sua condição. Os tucanos, no entanto, avaliam que antecipar ou atuar para fragilizar o presidente da Câmara neste momento pode ser “improdutivo”. Cunha faz oposição ao governo Dilma Rousseff e tem a prerrogativa de instaurar um processo de impeachment contra a petista. Nos bastidores, a avaliação é que o aparecimento dos extratos em nome de Cunha na Suíça abririam uma “dupla frente” de ataques ao peemedebista: a acusação de corrupção (Cunha é investigado na Operação Lava Jato) e a de que mentiu aos seu colegas. Na Casa, ele negou ter recursos fora do país.