SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Volkswagen na América do Norte, Michel Horn, declarou ao Congresso americano nesta quinta-feira (8) que soube no começo de 2014 que as emissões de carros a diesel fabricados pela empresa não se ajustavam às normas nos Estados Unidos.
Ele disse, no entanto, que não soube de imediato sobre o software que fraudava os testes de emissão de poluentes dos veículos a diesel da companhia, e que teria sido avisado sobre ele apenas no início de setembro de 2015.
Horn é o primeiro executivo da Volkswagen que fala ao Congresso dos Estados Unidos para explicar o escândalo revelado no dia 18 de setembro no país. Questionado, afirmou que os cerca de 500 mil carros que possuem um mecanismo que frauda testes de emissão de poluentes não serão reparados antes de 2017.
Ele afirmou que ficou sabendo do mecanismo “poucos dias antes” da reunião de 3 de setembro [de 2015] entre a empresa e um organismo do Estado da Califórnia.
“Não me haviam dito então, e eu também não tinha nenhuma razão para suspeitar ou crer que nossos carros tinham esse sistema”, afirmou.
REPARO DE VEÍCULOS
Horn admitiu a um comitê do Congresso americano que o objetivo do software instalado em alguns de seus veículos era ocultar suas emissões reais.
O presidente do grupo alemão nos Estados Unidos explicou que “há três grupos de veículos envolvidos, cada um com um das três gerações do motor de 2 litros diesel. Cada um requer uma solução diferente”.
Ele ressaltou que a empresa será capaz de reparar os veículos afetados, mas reconheceu que, na maioria dos casos, a companhia ainda não sabe quando poderá fazê-lo, mas que prevê que levará “mais de um ano, definitivamente”.
Segundo Horn, os responsáveis pela fraude “serão identificados” e sofrerão as consequências, mas “qualquer informação neste momento é preliminar”.
“Pedimos sua compreensão até que terminemos este trabalho”, acrescentou o presidente.
BUSCA NA SEDE DA VOLKS
A declaração ocorre no mesmo dia em que a polícia alemã revistou a sede da Volkswagen em Wolfsburgo e outros escritórios do grupo, como parte da investigação do escândalo dos motores adulterados, informou a promotoria de Brunswig (norte da Alemanha) em comunicado.
A empresa admitiu ter munido 11 milhões de carros a diesel no mundo inteiro com o software que frauda testes de emissão. A eclosão do escândalo fez com que o presidente da companhia, Martin Winterkorn, renunciasse e fosse substituído por Matthias Müller, até então responsável pela marca Porsche.
De acordo com reportagem do jornal alemão “Bild am Sonntag”, a fraude ocorre desde 2008. Por não encontrarem uma fórmula que os permitisse cumprir ao mesmo tempo os limites de emissões de poluentes como o de custos, engenheiros teriam recorrido naquele ano ao software para evitar que um projeto que era de grande importância para a companhia tivesse que ser paralisado.
O motor teria começado a ser produzido em série não só para o mercado americano, mas para o mundial.
No Brasil, o único modelo com motorização semelhante à envolvida na fraude global é picape média Amarok, que é produzida na Argentina e tem motor 2.0 turbodiesel. Esse modelo não é comercializado no mercado norte-americano, e a empresa ainda não divulgou uma lista oficial de produtos que estejam envolvidos no problema em outros países.
Em janeiro, a companhia deve iniciar o recall dos veículos.