ESTELITA HASS CARAZZAI CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Um jet-ski, uma lancha e um automóvel Jaguar foram apreendidos nesta quinta-feira (8) pela polícia paranaense durante uma nova fase da Operação Publicano, que investiga um esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná nesta quinta-feira (8). Cinco pessoas foram presas e uma pessoa ainda está foragida. Os bens pertencem ao auditor fiscal José Luiz Favoreto Pereira, que foi delegado-chefe da Receita em Londrina. O alvo dos investigadores, agora, são os crimes de lavagem de dinheiro promovidos após o desvio de recursos da Receita, num esquema que cobrava propinas milionárias de empresários em troca da anulação de dívidas. “É um ciclo. Identificamos os valores ilícitos e conseguimos ligá-los aos bens adquiridos”, diz o promotor Jorge Barreto, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em Londrina, sede da operação. Nesta fase, foram emitidos mandados de prisão preventiva contra seis pessoas, todas relacionadas Além de Favoreto, também foram presos seu irmão, Antônio Pereira Júnior, sua cunhada, Leila Maria Raimundo Pereira, o advogado André Arruda e o empresário Sarquis José Samara. Uma sexta pessoa, Marilúcia Dal Ross Samara, mulher de Samara, está foragida. Eles são suspeitos de terem montado uma “mini-organização criminosa” para lavar o dinheiro oriundo da cobrança de propinas na Receita (ou seja, omitir sua origem ilícita). Estima-se que Favoreto tenha desviado pelo menos R$ 6 milhões nos últimos três anos, por meio do suborno de empresários. Segundo o Gaeco, os valores eram lavados por meio da compra de imóveis, declarados por preços muito abaixo do real, do uso de uma empresa de fachada, em nome do irmão de Favoreto, para emissão de notas frias, e pela comercialização de títulos de crédito podre. Favoreto e os demais investigados devem ser indiciados sob suspeita de lavagem de dinheiro e organização criminosa. O auditor fiscal e seu irmão já respondem a um processo na Justiça, sob acusação de corrupção e falsidade ideológica, pela participação no esquema. Barreto diz que outros auditores (são dezenas de denunciados até aqui) ainda devem ser investigados por lavagem de dinheiro. “O processo deverá ser repetido em relação aos demais auditores”, afirma. O Ministério Público afirma que o esquema existia havia 30 anos, faturava R$ 50 milhões por ano em propinas e abasteceu campanhas políticas. Um dos beneficiados, segundo um delator do esquema, seria o atual governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) -o tucano nega e diz que é favorável às investigações para que o caso seja esclarecido. OUTRO LADO O advogado de Favoreto e de seu irmão, Walter Bittar, afirma que a prisão não se justifica e vai pedir a sua revogação à Justiça. Favoreto já foi preso na primeira fase da operação, em março, e ficou cerca de cem dias detido -foi solto após uma liminar do STJ (Superior Tribunal de Justiça). “Essa é a terceira prisão dele, pelos mesmos fatos. Esses fatos não são novos”, argumenta Bittar. “Ele não representa nenhum tipo de ameaça à lei, não há materialidade no pedido e a prisão está apenas baseada na palavra de um delator.”