MARIANA CARNEIRO BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Durou pouco mais de dez horas o “puxadinho” que veteranos da Guerra das Malvinas tentaram construir na praça de Maio, bem em frente à sede do governo da Argentina. Acampados há sete anos no principal cartão-postal da cidade de Buenos Aires, os manifestantes pedem que o governo lhes estenda benefícios concedidos aos ex-combatentes, que foram para o front da batalha contra o Reino Unido, de abril a junho de 1982. O grupo é composto por militares reformados que deram apoio às tropas argentinas, mas não chegaram a lutar nas Malvinas. Desde fevereiro de 2008, eles ocupam uma parte da praça de Maio em um abrigo de lona, com cartazes e faixas com palavras de ordem. Sentados em cadeiras de plástico e tomando chimarrão, se transformaram em parte da paisagem local, uma ilustração pitoresca de como os protestos fazem parte do cotidiano argentino. Nesta quarta (7), eles começaram a levantar paredes de tijolo e cimento para o acampamento, dando um tom mais concreto ao seu pleito. Provocado pela imprensa local, o prefeito eleito da cidade de Buenos Aires, Horácio Rodríguez Larreta, do partido opositor ao governo da presidente Cristina Kirchner, afirmou que a responsabilidade pelo cuidado da cidade era sua, mas a segurança da praça de Maio caberia à Polícia Federal, instalando no local também um conflito político. Às vésperas das eleições presidenciais, em 25 de outubro, os federais, a serviço de Cristina, não intervieram. O jogo de empurra levou 13 horas. Por volta das 22h, com a “obra” embargada pela Justiça da capital, os próprios manifestantes derrubaram as paredes, que já tinham cerca de meio de metro de altura. Eles prometeram, contudo, manter a mobilização, embora o governo de Cristina tenha reafirmado que não os reconhecerá como ex-combatentes. Indício de que, se as paredes se vão, o protesto fica.