RODOLFO VIANA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Somos Educação, que comanda as editoras Ática e Scipione, não vai mais produzir literatura “comercial”, informou o vice-presidente de Conteúdo e Inovação do grupo, Mario Ghio Junior. Coleções tradicionais da casa, como a Vaga-Lume e a Para Gostar de Ler, serão mantidas, por estarem na categoria de publicações paradidáticas, que não será afetada.

“Literatura de entretenimento está fora do nosso DNA”, diz Ghio. “Por isso estamos descontinuando a linha ‘trade’. Entendemos estrategicamente que o foco da nossa empresa é a relação com a escola, por isso mantivemos todos os paradidáticos.” Do catálogo de 1.200 títulos da Somos, 90 são títulos comerciais e representam apenas cerca de 10% das vendas de não didáticos – que chegam a 2 milhões de exemplares por ano. Abrindo mão da operação envolvendo títulos comerciais, a Somos Educação mantém dois dos três braços de não didáticos: obras de referência (com livros técnicos) e publicações paradidáticas (caso da Vaga-Lume e da Para Gostar de Ler).

DEMISSÕES

Na sexta-feira (2), o departamento editorial da Scipione e da Ática – que comemora meio século de existência – foi extinto, e três de seus editores, demitidos. Outros quatro funcionários foram realocados. Segundo Ghio, essas mudanças põem fim à reestruturação do grupo, que comanda também os sistemas de ensino Anglo e SER – e que pode vir a controlar o departamento de didáticos da editora Saraiva, caso o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprove a negociação realizada em junho, ao valor de R$ 725 milhões.

Para Ghio, “[essa movimentação] tem tudo a ver: a gente vende um livro de português e já sugere qual é o melhor paradidático para acompanhar.” Ele garante ainda investimento na casa de R$ 1,8 milhão em paradidáticos neste ano. “Como não vamos mais investir em ‘trade’, os paradidáticos acabam com mais recursos.” A afirmação é contestada por uma ex-funcionária da casa, que pediu anonimato. Segundo ela, sem um departamento editorial, não há quem faça esses livros. Para a ex-funcionária, o grupo manterá apenas o que tem em catálogo. Ghio afirma que a maior aposta do ano da Somos Educação é a reedição da Vaga-Lume, coleção popular desde seu lançamento, em 1972, e que agora vem repaginado e com títulos novos. Dez já foram lançados e “outros dez a 15 títulos serão lançados por ano”, afirma. Os livros devem custar R$ 37,50 cada um.