MARIANA CARNEIRO BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – “Peronistas, todos unidos triunfaremos”, diz o hino sexagenário, criado em homenagem ao líder Juan Domingo Perón (1895-1974) e que ainda hoje é entoado em eventos políticos na Argentina. Nesta quinta (8), a marcha peronista embalou ato organizado pelo chefe de governo da capital, Mauricio Macri, candidato a presidente que almeja destronar o peronismo de Cristina Kirchner na Casa Rosada. “Vamos esclarecer uma coisa: Macri não é peronista”, disse o ex-presidente (peronista) Eduardo Duhalde, que participou do evento. O motivo era a apresentação de uma estátua do general de cinco metros de altura – o primeiro monumento em homenagem ao líder político na capital argentina. A ironia é que a iniciativa parte de Macri, que fundou um partido, o PRO (Proposta Republicana), cuja principal bandeira é dar às costas à “velha política”. Inclusive ao peronismo. Às vésperas da eleição presidencial, porém, no próximo dia 25, os votos do eleitor peronista também são bem-vindos. Segundo a mais recente pesquisa da M&F, Macri tem 27,9% das intenções de voto, atrás do candidato da situação, o peronista Daniel Scioli, com 38,6%. PERONISTAS CONTRA KIRCHNER Maior corrente política da Argentina, o peronismo tem mais de um representante na corrida presidencial. Sergio Massa, da Unidos por uma Nova Argentina, soma votos de peronistas que não estão de acordo com o kirchnerismo. Com 21%, ele coloca em risco as pretensões de Macri de chegar a um segundo turno contra Scioli. Com as mãos levantadas para o alto e sorriso no rosto, a estátua de Perón testemunhou Macri pedir votos citando frases emblemáticas do general e elogios a Evita. “Perón e Evita vieram fazer algo histórico, dar direitos sociais aos trabalhadores”, disse Macri. “Já experimentamos durante muitos anos a confrontação, chegou a hora da unidade”, acrescentou. “Uns se dizem peronistas, mas se dedicam a manipular a pobreza em vez de lutar contra a desigualdade”. Para o analista Rosendo Fraga, a cartada de Macri é arriscada. “O risco é que essa foto o faça perder votos em seu próprio eleitorado [antiperonista]”.