CAMILA MATTOSO E MARCEL RIZZO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A namorada do presidente Carlos Miguel Aidar, Cinira Maturana, virou pivô de mais uma confusão no São Paulo. Em reunião com membros do Conselho Deliberativo do clube, o ex-vice Ataíde Gil Guerreiro apresentou documentos que sugerem um acordo que favoreceu a empresária.

Segundo Ataíde, ela teria recebido comissão referente ao contrato com a marca esportiva Under Armour. De acordo com a documentação apresentada aos conselheiros do São Paulo, o valor que ela teria recebido é de R$ 6 milhões, em parcelas semestrais de R$ 500 mil, por meio de sua empresa, a TML Foco, que tem sede no Rio. Entre as razões sociais da companhia está a intermediação de negócios. Três conselheiros do São Paulo confirmaram à Folha de S.Paulo a reunião e disseram que tiveram acesso aos documentos.

Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar não foram encontrados para comentar o caso. Via assessoria de imprensa, o São Paulo afirmou que desconhece qualquer tipo de contrato. Procurada, a Under Armour respondeu que possui políticas restritas de confidencialidade com todos os parceiros, “por isso não se pronuncia a respeito de qualquer informação externa à empresa”. Cinira Maturana atendeu a ligação da Folha, mas pediu para que a reportagem retornasse mais tarde. As ligações foram feitas, mas a empresária não atendeu o telefone. A Folha apurou que Ataíde está produzindo um dossiê contra o atual presidente. Os dois brigaram na segunda (5) durante uma reunião num hotel em São Paulo. Um dia depois, Ataíde foi demitido do cargo.

Nesta quinta (8), Ataíde enviou um e-mail a Aidar, ao qual o Globo Esporte e o UOL tiveram acesso, expondo parte da situação. O ex-vice escreve que viu que o presidente e sua namorada, Cinira Maturana da Silva, “estavam realmente lesando os interesses do clube”. Ainda no e-mail, Gil Guerreiro afirma ter gravado Carlos Miguel Aidar dizendo que tentou acordo de comissão entre a Under Armour e a TML, empresa de Cinira. A conversa gravada pelo ex-vice teria acontecido no último sábado, dois dias antes da briga que resultou na exoneração de Gil Guerreiro.

 

ACORDO POLÊMICO — O acordo entre a Under Armour e o São Paulo vem causando problemas desde maio, quando a Folha revelou que uma empresa com sede em Hong Kong (China), chamada Far East, receberia R$ 18 milhões do São Paulo por comissão. O clube, até hoje, não explicou como se deu essa negociação, nem disse qual foi o trabalho realizado pela Far East. Por enquanto, o clube segue inadimplente com a companhia chinesa e afirma estar tentando rever o contrato, para fazer um acordo melhor. Desde então, nenhum representante apareceu no Morumbi com cobrança. Apenas alguns e-mails foram recebidos pela diretoria, mostrados, inclusive, por Carlos Miguel em reuniões internas.