No dia nove de novembro de 1925, nascia, em Santos (SP) o homem que, no Coritiba, faria história. Tudo começou em um Atle-Tiba, quando, acompanhado por amigos atleticanos, Evangelino da Costa Neves, nas arquibancadas do Belfort Duarte, se apaixonou pelo time alviverde do Paraná. Na década de 1960, ele iniciou a trajetória de 23 anos de dedicação total ao clube, trabalhando como Diretor Social e sendo eleito presidente do Coxa, em 1967.

Nas vésperas do aniversário de 106 anos do clube, o Coritiba.com.br conversou com a filha mais nova dele, Evangelina Neves, que contou, com detalhes, sobre quem foi Evangelino e como é ter sua história de vida mesclada com a do Coritiba. Logo no início da entrevista, ela deixou claro: A vida dele era lutar pelo Coxa 24 horas por dia. Se o dia tivesse mais horas, ele usaria todas elas para o clube, brincou.

Evangelino presidiu o Coritiba de 1967 a 1979, 1982 a 1987 e de 1991 a 1995, totalizando 23 anos de comando do Verdão. No seu currículo de conquistas enquanto presidente do Coxa estão 10 títulos estaduais, um Campeonato Brasileiro, três títulos do Torneio Internacional de Verão, um da Fita Azul, Torneio de Povo, Torneio Quadrangular de Goiás, duas Taças Cidade de Curitiba, Torneio Akwaba, na Costa do Marfin e Torneio Maurício Fruet.

Todas as vitórias são fruto da sua dedicação total ao clube. A proximidade de Evangelino com os jogadores da época era tão grande, que ele era chamado de pai pelo elenco, composto por grandes estrelas coxas-brancas como o Flecha Loira, Dirceu Krüger. Inclusive, depois que o craque sofreu um acidente em campo, na década de 1970, a primeira gelatina que tomou durante sua recuperação foi feita pela esposa de Evangelino.

Ele recebia os jogadores em casa, arrumava a casa para eles morarem. Já teve filho de jogador que tomou a primeira mamadeira na nossa casa, conta a filha do presidente. Ele já deixou de pagar coisas pessoais para pagar as contas do clube, recorda-se. Mesmo com tanta entrega ao time verde e branco, Evangelina garante que ele também foi um pai maravilhoso. “Ele era presente na nossa vida porque aderimos o Coxa como família, explica.

Na hora do almoço, a atenção as notícias da televisão e do rádio sobre o Coritiba era sagrada. Ninguém podia falar com ele enquanto assistia ou ouvia as notícias do Verdão e os resultados em campo influenciavam em muito o humor do coxa-branca. Quando o Coxa ganhava, ele ficava feliz a semana inteira. Nós, os filhos, poderiamos pedir o que fosse que ele atendia o pedido. Caso contrário, era melhor manter distância, lembra Evangelina, que chegou a trabalhar ao lado do pai no estádio.

Dias antes da maior conquista de sua carreira junto ao Coritiba, Evangelino enfartou, resultado da preocupação demasiada que tinha pelo clube. No dia da final do Campeonato Brasileiro, em pleno Maracanã, médicos acompanhavam o presidente, tementes de que ele enfartasse novamente. Não aconteceu. Ele suportou a pressão de cada minuto daquela disputa e comemorou muito, no final, dedicando a conquista a sua família, colegas, diretoria e torcida coxa-branca

Meu pai não morreu por causa do Coxa, mas, com certeza, morreu apaixonado por ele, reconhece, Evangelina. Homem “bravo”, honesto e maravilhoso pai, segundo definição da filha, ele marcou a história do Alviverde do Paraná e deixou muitas saudades. Até mesmo naqueles que nem chegaram a o conhecer. Entre suas heranças para a torcida coxa-branca, ficaram reformas significativas no estádio, como na parte social do Couto e na curva da Mauá. Ainda hoje, seu nome é lembrado pelos torcedores e muito honrado pelo amor investido no Coritiba.

Para a família, que atualmente frequenta o Couto Pereira e apoia o time verde e branco, deixou o exemplo de um torcedor fiel. Eu torço para o Coxa por causa dele e porque eu vivi o Coritiba. No Clube, meu pai chegou sem muito prestígio e, aos poucos, foi colocando o Clube no seu lugar, no alto da glória, e cativando a torcida, finaliza Evangelina.

Motivos é o que não faltam para reconhecer que Evangelino da Costa Neves é, sim, um verdadeiro ídolo coxa-branca. Em mais um ano de vida do Clube, comemorado no próximo dia 12, reconhecimento e gratidão são necessários por parte de todos aqueles que amam as cores do time coritibano e pretendem perpetuar este amor por muitas gerações.