MARCEL RIZZO, ENVIADO ESPECIAL FORTALEZA, CE (FOLHAPRESS) – Para o lateral direito Daniel Alves, a crise política e econômica do Brasil afeta a relação entre o torcedor e a seleção brasileira de futebol. O jogador foi bombardeado com perguntas nesta segunda-feira (12), véspera da partida contra a Venezuela pelas eliminatórias da Copa-2018, sobre o distanciamento e a desconfiança da torcida com o time comandado por Dunga.

“O brasileiro está revoltado com outras coisas do Brasil, e somos [jogadores da seleção] linha de frente dos disparos. A gente fica um pouco à mercê de tudo isso nos jogos, a seleção brasileira acaba pagando o pato do Brasil”, disse o jogador. Ele admitiu que os resultados em campo também influenciam. “Sabemos que não temos credibilidade, tem essa instabilidade, mas amamos vestir essa camisa e vamos dar a volta por cima”, afirmou o lateral do Barcelona.

Daniel Alves participou do grupo que fracassou na Copa-2014, mas estava na reserva no 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal do Mundial. O Brasil, já com Dunga, também fracassou na Copa América, perdendo nas quartas de final para o Paraguai, e foi derrotado pelo Chile na estreia do classificatório para a Copa-2018, na quinta (8).

Sobre o distanciamento entre os jogadores da seleção e a torcida, já que a maioria atua desde jovem em times da Europa, Daniel Alves voltou a criticar indiretamente a direção da CBF, mesmo tendo Dunga ao seu lado na tribuna da entrevista, e o diretor de marketing da entidade, Gilberto Ratto, na plateia. “Os clubes hoje não preparam os jogadores para suprir suas necessidades, mas para vender. O jogador vira uma moeda de troca, É preciso um pouco mais de organização, de credibilidade [no futebol brasileiro] para os jogadores terem uma segurança de ficar no Brasil e fazerem uma carreira por aqui. Mas, não mudamos nosso jeitinho brasileiro por morar fora do país, nossa família está aqui”, disse o jogador.

Daniel Alves será titular da defesa brasileira contra os venezuelanos, na partida que começa às 22h desta terça.