SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A britânica SABMiller e a Anheuser-Busch InBev, de capital belga e brasileiro, anunciaram nesta terça-feira (13) a terceira maior fusão empresarial da história, que criará um gigante responsável pela venda de uma em cada três cervejas no mundo. A SABMiller, número dois do mundo no setor de cervejas, aceitou a última oferta de compra da líder do setor, AB InBev, pelo equivalente a US$ 104 bilhões. O grupo com sede em Londres explicou que o Conselho de Administração alcançou um acordo com a AB InBev, segundo o qual a empresa número um do mundo pagará por cada ação da SABMiller 44 libras. Se a transação for concretizada como o previsto, o novo grupo incluirá as marcas de cerveja americana Budweiser e belga Stella Artois, pertencentes à AB InBev, assim como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell e a holandesa Grolsch da SABMiller. Além disso, esta será a terceira maior fusão-aquisição da história, segundo o instituto de análises Dealogic, atrás apenas das operações Vodafone e Mannesmann em 1999 e da Verizon Communications com a Verizon Wireless em 2013. A empresa gigante criada com a operação venderá uma em cada três cervejas no mundo, da mexicana Corona (exceto nos Estados Unidos) à australiana Foster, passando pela chinesa Snow -a marca mais vendida no mundo-, mas antes terá que receber a autorização das agências reguladoras. Com esta compra bilionária, a AB InBev abre caminho na África, particularmente na África do Sul, onde a SABMiller nasceu há 120 anos. Se ao valor da compra for adicionado à dívida do grupo, a SABMiller fica avaliada em quase 80 bilhões de libras (US$ 122 bilhões, 108 bilhões de euros). O preço de compra representa uma valorização de 50% na comparação com a cotação do título em 14 de setembro, antes dos boatos sobre uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) que elevaram o preço, destacou o Conselho de Administração da SABMiller. Para obter o acordo, a AB InBev teve que aumentar quatro vezes sua oferta, recorda o Conselho em um comunicado. “Observadas as presenças geográficas amplamente complementares e as carteiras de marcas da AB Inbev e da SABMiller, o grupo operaria em quase todos os grandes mercados de cerveja, incluindo as regiões emergentes com fortes perspectivas de crescimento como África, Ásia, América Central e do Sul”, anunciou a AB InBev há alguns dias, quando tentava convencer os acionistas de sua até então grande concorrente. SANTO DOMINGO E LEMANN, ENFIM JUNTOS A operação foi anunciada após uma disputa na qual a SABMiller recusou várias ofertas informais por considerá-las baixas, e apenas um dia antes do fim do prazo para uma oferta firme que, em caso de rejeição, teria obrigado a AB Inbev a interromper as investidas por pelo menos seis meses. As ofertas provocaram divisão na SABMiller e a maior acionista da empresa, a companhia americana de tabaco Altria (proprietária da Marlboro), pressionava a favor da operação. Ao mesmo tempo, a família colombiana Santo Domingo, proprietária de 14% das ações da SABMiller e representada por Alejandro Santo Domingo, era contrária à oferta. Os Santo Domingo são proprietários da marca de cerveja colombiana Bavaria e em meados dos anos 90 receberam uma oferta de compra da brasileira Brahma, que não prosperou na ocasião. O proprietário da Brahma era Jorge Paulo Lemann, que agora é o principal acionista da AB Inbev com o fundo de investimentos 3G. A fusão anunciada nesta terça-feira reúne finalmente duas das famílias mais poderosas da América Latina. Após o anúncio, a ação da SABMiller operava em forte alta de 8,52%, a 39,30 libras, na Bolsa de Londres, enquanto o título da AB InBev registrava alta de 2,85%, a 101,15 euros, na Bolsa de Bruxelas.