SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Sabesp, empresa paulista de saneamento, tornou sigilosas as informações sobre procedimentos e projetos técnicos e operacionais da empresa no abastecimento de água em São Paulo.
Embora a classificação de sigilo não tenha sido explicada pela empresa, na prática, ela já tornou sigilosa as informações sobre quais são os 626 pontos da Grande São Paulo em que não teriam seu abastecimento de água interrompido durante a implantação de um eventual rodízio. Esses pontos são, segundo a empresa “prioritariamente” hospitais, clínicas de hemodiálise, além de delegacias e presídios.
A reportagem apurou que entre esses pontos estão o Hospital das Clínicas, os hospitais Santa Marcelina e Samaritano, além de unidades do São Camilo.
Atualmente, Sabesp descarta a adoção de um rodízio de água (com suspensão de entrega de água para bairros inteiros) em São Paulo.
A classificação de sigilo foi feita após reportagem do portal “IG” solicitar a lista completa dos locais que não sofreriam com um rodízio. A decretação de sigilo na Sabesp segue o exemplo da administração Geraldo Alckmin (PSDB) que instituiu como ultra secretos documentos e projetos do Metrô, como revelado pela Folha de S.Paulo.
Segundo o “IG”, a reportagem solicitou, por meio do SIC (Serviço Estadual de Informações ao Cidadão) em março a lista dos locais que não teriam água cortada, diante da ocorrência de um rodízio. A Sabesp negou o acesso à lista, alegando que a informação poderia trazer “ameaça ao sistema de abastecimento público de água traria enorme prejuízo à sociedade, podendo ensejar inclusive depredações e violência contra os órgãos do Estado”.
A empresa alega detalhes de suas operações poderiam ser inclusive usadas no planejamento de ações terroristas que, mesmo que sob hipótese remota, não podem ser descartadas.
Enquanto a reportagem tentava recorrer da decisão da empresa e ter acesso aos dados, no entanto, a Sabesp classificou como secretas todas as informações sobre procedimentos, projetos técnicos e operacionais da empresa, o que impede o acesso à lista dos locais que não teriam água cortada.
Segundo a classificação, essas informações serão secretas por 25 anos.
Até as 17h30 desta terça (13), a Sabesp não se manifestou sobre a instituição de sigilo em suas operações.