É uma vergonha, mas o Brasil está mergulhado num mar de lama sem precedentes. Em todos os setores da sociedade verificamos uma crise de falta de ética e ausência de moral dos seus gestores.
Vivemos um momento triste de nossa história em termos de política nacional. Em menos de 30 anos, poderemos ver a nossa presidente ser cassada por estar envolvida com práticas que não condizem com atitudes de uma chefa de Estado. Dizem que para ganhar a reeleição teria mentido à nação e utilizado de forma ilícita o dinheiro do povo.
No poder legislativo nacional, o seu presidente também pode ser retirado do seu cargo, por ser suspeito de ter ligações com atos corruptos e enriquecer de forma não explicada e ou justificada.
A falta de ética e moral na sociedade brasileira também está presente no futebol. Essa semana foi prova disso com a renúncia do presidente do time do São Paulo. Segundo as denúncias, o mandatário tricolor teria usando o clube como fonte de negócios para adquirir vantagens pessoais. Aliás, jamais soube que alguém tenha entrado pobre no mundo do futebol e tenha saído pobre. O inverso é comum. O futebol é uma benção, qualquer “ser mortal” entra no esquema, fica milionário e pode se aposentar com cinco anos de trabalho.
Crises como a do São Paulo, com essa conversa de dirigentes obtendo vantagens pessoais, não é novidade para os futebolistas paranaenses. Vamos lembrar que dentro do Paraná Clube, há bem pouco tempo houve denúncias de dirigentes envolvidos em transação de jogadores. Alias, é um caso único e especial, no qual o clube vende um jogador, não recebe nada por isso e ainda fica devendo um caminhão de dinheiro para o empresário. E, para aumentar essa falta de moral, se procurar com amiúde dentro do clube, sem dúvidas encontraremos empresários travestidos de diretores que são proprietários de direitos econômicos de jogadores.
O Coritiba também vive momentos de falta de caráter, ética e moral de alguns componentes de sua diretoria. Há uma briga interna muito grande, numa verdadeira disputa por espaço e exposição de egos que são maiores até que o Couto Pereira.
Particularmente, não entendo. Como pode um diretor utilizar-se de dinheiro do clube para viajar sem prestar contas dos motivos da viagem? Como pode retirar do caixa do clube uma verba para investir em política, como fizeram na eleição da Federação Paranaense de Futebol? Sem contar no passado recente em que um diretor remunerado do clube recebia um bom salário, mas, como tinha a liberdade de fazer transações, as comissões mais que dobravam os seus vencimentos.
E chego ao Atlético Paranaense, sempre hermeticamente fechado e gerido com mãos de ferro. O seu presidente é tido como um grande negociador e seus negócios sempre dão lucro aos cofres atleticanos. Será? Sinceramente, não consigo entender como um administrador dedique seu tempo integral sem pedir e ou receber nada em troca.
Há uma voz corrente de que CAP é um verdadeiro balcão de negócios e que o clube tem muitos times parceiros. Não vejo problema em o clube abastecer clubes menores com seus jogadores. Entendo que, com a estrutura invejável que tem o Atlético, formando atletas como forma, obviamente que não terá espaço para todo mundo. Agora, precisa ser feito tudo às claras e com transparência. Todos precisam saber o que é feito com o dinheiro do clube e/ou nas mãos de quem ele foi parar. Assim, evitaria a necessidade e a vontade de ser eterno no poder.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo