O vereador Mestre Pop (PSC) registrou ontem na polícia boletim de ocorrência contra o vereador Zé Maria (SD) por injúria racial. Pop alegou que Zé Maria teria feito uma piada de cunho racista contra ele, pela manhã, na Câmara Municipal de Curitiba. O acusado argumentou que tudo não teria passado de uma brincadeira.

Segundo o parlamentar do PSC, o episódio teria ocorrido quando ele chegou à Câmara, e em uma sala contígua ao plenário cumprimentou os demais vereadores presentes. Como Zé Maria não respondeu ao cumprimento, ele o questionou, que então reagiu com a suposta piada. Aí ele perguntou para mim assim: ‘você sabe porque que preto vai na igreja evangélica?’ Eu peguei, não disse nada. Ele: ‘sabe porque?’ Eu fiquei calado. Ele falou assim: ‘o negro só vai na igreja evangélica para poder chamar o branco de irmão, cara, contou Mestre Pop. Sabe, e deu aquela risada, fez cara de deboche. Quem estava na sala, nenhum deles viu graça nisso aí. Outros balançou (sic) a cabeça, relatou o vereador.

Zé Maria tentou se defender, minimizando o caso e negando ser racista. Eu tinha lido no whats up uma piada que dizia assim: ‘preto entra na igreja evangélica para chamar o branco de irmão’. Eu peguei e comentei aquilo ali. Fiz uma brincadeira, argumentou. Nós somos amigos. Nós brincamos todos os dias. Ele me chama de velho, eu chamo ele de negão. Mas isso numa boa, carinhosamente. Jamais, eu não sou racista. Minha família é negra, disse o parlamentar do Solidariedade. Se você pesquisar e ver quem é a minha família, minha família é negra. Nunca serei racista. Se eu errei, quero pedir perdão a ele, afirmou. Minha madrasta é negra. Meu neto é negro. Sou amigo do Mestre Pop, sento do lado dele todo dia. Eu atendo crianças deficientes e nunca olhei para a cor de ninguém antes de estender a mão. Eu acho que alguém instigou ele a ver maldade no que eu disse, considerou Zé Maria.

Amizade

Mestre Pop não se convenceu com as explicações do colega. Aí ele chega assim e diz que tava brincando. Eu não tenho vínculo de amizade com ele. Como eu não tenho com nenhum vereador aqui dentro. Amigo, pra mim, é quando um vai na casa do outro. Eu nunca fui na casa deles, reagiu. Nós somos colegas de plenário. A gente tem que se respeitar. A minha raça não é sinônimo de piada. Não é sinônimo de zombaria. É sinônimo de orgulho. Tudo aquilo que estiver dentro da lei eu vou fazer, que além de denunciar o caso à polícia, afirmou que deve recorrer ao Conselho de Ética da Câmara, acusando Zé Maria de quebra de decoro parlamentar. 

Pop registrou a denúncia no 1º Distrito Policial. Pela lei brasileira, injúria racial é crime com pena de até três anos de prisão, em caso de condenação, e pode ser configurado a partir de ofensas a honra de alguém utilizando elementos da raça, cor, etnia, religião ou origem.