GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nas últimas décadas, o Palmeiras conviveu com o estigma de ser o grande paulista que menos revela jogadores em suas categorias de base. Se do Santos saiu Neymar, do Corinthians, Willian, e do São Paulo, Oscar, três jogadores de referência da seleção brasileira, o Palmeiras não tem nenhum nome de primeira grandeza para se gabar de ter revelado recentemente.
No entanto, o clube tem intensificado seus investimentos nas categorias de base mais recentemente, e já colhe os frutos. Além de Nathan, João Pedro e Gabriel Jesus, que cavaram um lugar no elenco principal, o volante Matheus Sales, 20, foi escolhido pelo técnico Marcelo Oliveira em um momento de dificuldade e correspondeu à altura.
Após seis anos na base da equipe alviverde, ele fez sua estreia profissional na derrota para o Sport por 2 a 0, no Pacaembu, em 24 de outubro. Dias depois, ele participou da vitória do Palmeiras sobre o Fluminense que garantiu a classificação para a final da Copa do Brasil, que começa a ser disputada nesta quarta-feira (25), na Vila Belmiro.
“Eu me preparei para este momento e o Palmeiras me preparou. O trabalho na base é muito bom. No ano passado, eu fui relacionado algumas vezes e já pude conhecer como era o ambiente no profissional. Neste ano, eu esperei a minha chance e fiz de tudo para agarrá-la. O mais positivo eu acho que é a integração. Desde o começo deste ano, por exemplo, todas as categorias treinam aqui na Academia, com o profissional ao lado, uma vez por semana. Isso é muito legal para um moleque, poder ver ao lado Zé Roberto, Prass, Arouca…”, diz à reportagem, ainda admirado com seus companheiros de trabalho.
“Fiquei muito feliz quando o Marcelo Oliveira me elogiou e não posso parar, tenho de correr ainda mais agora”, complementa o jovem jogador sobre sua expectativa para a primeira final no profissional.
Como Arouca volta de lesão e ainda recupera ritmo de jogo, ele tem boas chances de participar da partida desta quarta, seja como titular ou entrando no segundo tempo.
A seu favor, estão a qualidade na marcação e na saída de jogo, que faltaram muito no Palmeiras depois das lesões de Gabriel e Arouca.
“Acho que minhas características são a tranquilidade, a marcação, a saída de bola e os passes. São fundamentos que eu sempre trabalhei e aprimoro todo dia”, analisa Matheus, que chama a atenção por jogar de cabeça alta, buscando lançamentos e enfiadas de bola -diferentemente de Andrei Girotto, Amaral e Thiago Santos, caracterizados pela força na contenção. Em 2015, ele disputou 36 jogos e marcou nove gols na base.
Na derrota para o Santos, na Vila Belmiro, por 2 a 1, pelo Brasileiro, ele chegou perto de marcar seu primeiro gol, de frente para o goleiro.
“Acho que foi um pouco de desatenção [do time na derrota]. Mas ficamos um período em Atibaia, nos fechamos e fizemos de tudo para corrigir esses erros. Acho que o Palmeiras precisa melhorar nesta parte da concentração e tenho certeza de que dará certo. Estamos todos focados no objetivo de fazer uma bela partida na Vila Belmiro”, explica.
Matheus mostra personalidade, e não deixa transparecer nervosismo pela rápida ascensão na equipe, que coincidiu com uma queda de rendimento nos resultados -três derrotas e dois empates nos últimos cinco jogos no Brasileiro. Na base, ele portava a braçadeira de capitão.
“A expectativa é ser campeão. Sabemos da nossa queda de rendimento nos últimos jogos, mas se trata de uma final, de uma decisão de título. Faremos de tudo para conquistar. Respeitamos muito o Santos, mas estamos trabalhando firme e forte para coroar esse ano com um troféu.”