RUBENS VALENTE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Preso na manhã desta quarta-feira (25), o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) ocupa neste momento uma sala administrativa adaptada às pressas para recebê-lo, na sede da Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal, em Brasília. A sala é vigiada por dois policiais federais e conta com banheiro, mas não com sofá ou cama. A opção de colocar um político preso em sala está prevista em lei, segundo a PF, e não é inédita, tendo sido adotada no caso do ex-governador do DF José Roberto Arruda (ex-DEM), preso em 2010 por ordem do STJ (Superior Tribunal de Justiça) também por suspeitas de obstrução à Justiça. Para decidir o local e as condições da prisão do senador, a PF age em sintonia com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator dos casos relativos à Operação Lava Jato. Além de ter decidido pela prisão, na prática ele também atua como uma espécie de juiz de execução penal, sendo o responsável por avaliar as condições da prisão do parlamentar a partir das informações prestadas pela PF e pela PGR (Procuradoria Geral da República). A acomodação do senador é provisória também porque a PF aguarda uma definição dos senadores, que deverão se reunir em sessão para referendar ou não a prisão determinada pelo ministro Teori. A reportagem apurou que por esse mesmo motivo os responsáveis pela operação, conduzida pela PGR, decidiram pela antecipação da deflagração da operação, que além de Delcídio também prendeu seu chefe de gabinete no Senado e o banqueiro André Esteves. A ação estava originalmente marcada para esta quinta (26), mas foi antecipada pelo risco de não haver quórum no Senado suficiente para uma deliberação. Os políticos em Brasília costumam retornar aos seus Estados de origem na quinta-feira. No início da tarde desta quarta (25), surgiu a hipótese de que Delcídio seja repassado aos cuidados da Polícia Legislativa do Senado, que então se encarregaria de providenciar a cela ou sala em que ele ficará preso. A opção está sob análise do ministro Teori. Além de a sala na PF permitir que Delcídio não seja colocando em contato com outros presos, a PF também optou por esse espaço porque as celas normais da Superintendência estão lotadas. Nesta terça-feira, a PF desencadeou a Operação Dubai, que levou à prisão empresários do setor de combustíveis e o presidente do sindicato do setor no Distrito Federal. A prisão de Delcídio ocorreu por volta das 6h da manhã desta quarta-feira no hotel Royal Tulip, em Brasília. A reportagem apurou que ele aparentava tranquilidade e não foi algemado. A ordem de prisão foi cumprida pelo delegado da PF Thiago Machado Delabary e pelo procurador da República Douglas Fischer, que coordena a assessoria criminal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, além de um escrivão e dois agentes da PF. O grupo de policiais seguiu em dois carros e o da PGR, em outro. Eles deixaram o hotel Royal Tulip, que é a residência do senador em Brasília, por volta das 8h, e seguiram para a Superintendência Regional da PF em Brasília, na Asa Sul, onde Delcídio aguarda a avaliação das acusações no STF e no Senado.