MARIANA CARNEIRO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Em sua primeira aparição pública desde o resultado adverso na eleição do último domingo (22), a presidente Cristina Kirchner disse que um país não governa como uma empresa, em um aparente recado ao opositor Mauricio Macri -que tem como uma de suas bandeiras a gestão eficiente e conquistou a simpatia de grande parte do empresariado.
Macri, que venceu nas urnas o candidato de Cristina, Daniel Scioli, assumirá a Presidência da Argentina no próximo dia 10 de dezembro.
“Um país não é uma empresa: é uma nação formada por homens e mulheres que devem ter suas necessidades cobertas pelo Estado, e não [gerido] por um critério economicista. Um balanço de um país não se fecha em termos de ganhos e perdas, mas com quantos argentinos estão incluídos ou excluídos”, afirmou Cristina.
A presidente mandou outros recados a Macri e seus aliados. Lembrou a eleição na província de Tucumán, cujo resultado favorável ao peronista Juan Manzur foi questionado pelos adversários, que denunciaram fraude.
“Fiquem tranquilos, não vamos fazer o que fizeram conosco”, afirmou a presidente. “Jamais nos ocorreria fazer algo que afetasse a governabilidade e a convivência dos argentinos.”
“Inspira-nos um profundo valor pela pátria, queremos que a pátria vá bem. Não somos do exército do quanto pior, melhor”, acrescentou a mandatária.
Em seu primeiro discurso após a derrota, na inauguração de uma ala de pediatria em um hospital na Grande Buenos Aires, a presidente fez um balanço de sua gestão. Ela esteve acompanhada de seus ministros e de Scioli, que governa a província de Buenos Aires.
Cristina enumerou conquistas dos 12 anos do kirchnerismo, como a retomada dos julgamentos de militares envolvidos em crimes da ditadura, os investimentos em ciência e tecnologia e os avanços sociais. “Protagonizamos o maior processo de mobilidade social de que se tem memória na Argentina.”
A presidente disse ainda que “sai pela mesma porta por qual entrou” no governo e listou o que considera melhorias ocorridas entre 2003 (quando Néstor Kirchner assumiu a Presidência) e 2015.
“Entramos nesta Casa Rosada sem indústria e saímos com um país com indústrias em marcha.”
Indicando que pretende manter-se ativa na política argentina, liderando a oposição, a presidente afirmou que “continuará ao lado dos argentinos, defendendo os seus direitos”.