GUSTAVO URIBE E RANIER BRAGON BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não quis comentar se teme ser preso no rastro da Operação Lava Jato. Nesta quarta-feira (25), o líder do governo no Senado Federal, Delcídio do Amaral (PT-MS), foi preso pela Polícia Federal acusado de obstruir as investigações. Foi a primeira vez que um senador foi preso no exercício do cargo, já que a Constituição Federal só permite a prisão de parlamentar em crime flagrante. “Não vou fazer comentários sobre isso”, disse o peemedebista ao ser questionado se está receoso com a possibilidade de também ser detido. Os principais partidos de oposição ao governo federal utilizarão a prisão do petista como argumento para a necessidade de afastamento de Cunha. O argumento é de que assim como Delcídio, o peemedebista tem manobrado para atrapalhar o processo de cassação contra ele no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Para líderes oposicionistas, as articulações de Cunha impedem a produção de provas que poderiam ser usadas contra ele na esfera criminal. O peemedebista também não quis fazer comentários sobre a prisão do petista. Ele explicou que tem acompanhado o episódio desde a manhã, mas avaliou que, sem acesso aos autos do processo, não tem condições de opinar. Cunha reconheceu que a prisão do petista afetou o Congresso Nacional como um todo, mas negou que o episódio tenha sido responsável pelo cancelamento da sessão parlamentar desta quarta-feira (25) na Câmara dos Deputados. A previsão é de que fosse convocada uma sessão do Congresso Nacional para analisar vetos presidenciais e a revisão da meta fiscal de 2015. Com a prisão do petista, no entanto, a sessão conjunta foi cancelada. A pauta da Câmara dos Deputados está trancada por proposta de autoria do Poder Executivo que fixa novas normas para o cálculo do teto de remuneração de servidores e agentes públicos. Segundo Cunha, os líderes da base aliada não chegaram ainda a um consenso em relação ao projeto de lei, não permitindo que ele fosse votado nesta quarta-feira (25). “Com essa confusão, a liderança do governo cancelou as reuniões que faria hoje para tentar chegar a um consenso sobre o texto do teto. Então, está trancada a pauta”, explicou.