Não adiantaram as vozes levantadas contra a construção das tais barreiras, que explodiram, acabando com a vida do Rio Doce, destruindo cidades, matando brasileiros, acabando para sempre com a fauna e flora de uma região considerada um verdadeiro paraíso ambiental. E o que poucos sabem e menos ainda divulgam, é que as terras invadidas pelas ondas de lama tóxica, não serão recuperadas.

E há ainda quem dê ouvidos a certos politiqueiros estilo Pinocchio, que teimam em dizer, como Panglos, que tudo vai bem, no melhor dos mundos. Vlad, o Drácula, vira fichinha com tanta ignomia.

E pensar que, no inicio de novembro, a Secretaria de Turismo do Espírito Santo fez uma tentativa de promoção, lançando um novo website, voltado ao público final, destacando pesca, observação de aves e turismo religioso. Utilizando a pequena verba disponível, o website seria disponível ao futuro turista a partir de meados de dezembro. O descubraesperitosanto.com.br teria fotos, filmes atraentes dos principais destinos e o órgão oficial do turismo estaria fazendo contatos com companhias aéreas, para negociar charters, fretando aviões vindos dos países latino-americanos vizinhos, pelo menos durante a temporada de verão.

Fotos: Divulgação

Marlin é como um Oscar para o pescador. O recorde mundial foi conseguido em fevereiro de 1992: um peixe de 636 quilos, no Espírito Santo

Agora, tudo foi afogado em metros e metros de lama tóxica. Por onde ainda estão cadáveres dos desaparecidos. A tal observação das aves da rica fauna capixaba tinha um símbolo: a saíra apunhalada, espécie que foi considerada extinta durante 50 anos e que, recentemente, foi redescoberta na região serrana do estado. Renasceu das cinzas, para morrer afogada em lama.

Na pesca o peixe símbolo era o marlim azul, o peixe espada considerado troféu pelos pescadores de alto mar. Vitória sempre foi a capital mundial do peixe, com recordes internacionais na captura do marlim azul e branco. Pescadores do mundo inteiro sempre souberam que o Espírito Santo era referência na pesca esportiva oceânica, por causa da quantidade e tamanho dos peixes de seu litoral.

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O prato mais famoso da região é a  moqueca capixaba, mas o caranguejo sempre teve lugar de destaque

No turismo religioso, a figura principal é Anchieta, em torno do qual foi criado o roteiro Passos de Anchieta, recriando o caminho que o padre percorreu na região. Espírito Santo também tem festivais musicais e organiza reuniões de incentivo, congressos e eventos.

Se a moqueca capixaba se tornou a maior especialidade gastronômica do Estado, ainda sobram muitas outras iguarias, doces e salgadas, para atrair o paladar de quem sabe curtir uma boa mesa. Agências locais exploravam até agora a pesca do marlim, um esporte que no exterior tem grande público: são 60 mil pescadores registrados. No Brasil, apenas 6 mil. O Panamá registrou em 2014, 280 mil turistas americanos aficionados do esporte da pesca marítima. O Brasil, no mesmo período, recebeu apenas 15 esportistas. Quinze. Agora serão provavelmente menos de zero.