GILMAR ALVES JR.
SANTOS, SP (FOLHAPRESS) – O município de São Vicente, no litoral de São Paulo, registrou nos últimos meses quatro casos de microcefalia, doença caracterizada pelo nascimento de bebês com a circunferência do crânio menor que o normal. A doença pode ter relação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito da dengue, e trazer sequelas graves ao desenvolvimento da criança.
No últimos 15 dias, foram registrados 739 casos em pelo menos nove Estados do país.
O último caso de São Vicente foi confirmado no dia 20, quando uma mulher deu à luz um bebê com o problema e relatou ter tido sintomas de dengue – parecidos com o do zika – no quarto mês de gestação. A criança, uma menina, permanece na maternidade municipal porque a mãe segue sob cuidados médicos.
Segundo o diretor de Vigilância à Saúde do município, Marcello Ruiz, exames de sorologia para toxoplasmose e citomegalovírus, que também podem causar microcefalia, deram negativo.
Quando a gestante procurou a rede de saúde com suspeita de dengue, foi realizado apenas um diagnóstico clínico, que constatou os sintomas. Não foi pedido exame laboratorial para confirmar a presença do vírus, segundo Ruiz, porque a cidade enfrentava uma epidemia da doença.
Por exclusão, diz o diretor, o caso pode ter relação com o zika vírus, transmitido pelo mesmo mosquito, “mas não é garantido”. “É só uma suspeita. Por isso, a conduta agora é manter vigilância para a ocorrência de novos casos”, afirma Ruiz.
Em nota, a Prefeitura de São Vicente informou que os outros três casos de microcefalia foram registrados em setembro, outubro e novembro.
“Todos os casos foram notificados ao Ministério da Saúde e estão na fase de investigação epidemiológica. Por enquanto, ainda não há relação comprovada que a doença seja decorrente de infecção causada pelo zika vírus”, diz o documento.
A prefeitura não soube informar se as mulheres viajaram para fora do Estado de São Paulo durante a gestação. Os casos de microcefalia estão concentrados no Nordeste.
Em 2014, São Vicente teve apenas um caso da doença.
Para o diretor de Vigilância à Saúde, a população precisa intensificar o combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti.
“O combate ao Aedes caiu no esquecimento em algumas regiões. O que pode fazer quem tem uma grávida em casa? Combater todos os criadouros do mosquito. É a única coisa que podemos fazer nesse momento. Fora isso, aguardar o que o ministério vai orientar”, disse.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde informou que não comenta casos específicos e divulga, semanalmente, boletins epidemiológicos sobre casos de microcefalia em investigação.