FLÁVIO FERREIRA, ENVIADO ESPECIAL FORTALEZA, CE (FOLHAPRESS) – O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirmou que não se deve fazer prejulgamento sobre o caso do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso sob a acusação de atuar para prejudicar as investigações da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.

Cardozo participou do encerramento do encontro anual das entidades integrantes da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) na noite desta quinta-feira (26) em Fortaleza (CE).

“É muito importante que tenhamos claro que ninguém jamais em momento algum pode ser prejulgado por algo que está ainda sendo investigado. Afirmo categoricamente: as investigações continuam e com autonomia”, disse o ministro ao ser indagado sobre a detenção de Delcídio.

Questionado pela reportagem sobre o teor da gravação da conversa entre o filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Delcídio não demonstrar as acusações contra o senador petista, Cardozo disse: “Eu não costumo fazer juízo de valor sobre atividades que estão sob investigação. O Supremo firmou uma convicção assim a respeito e tomou a posição que jurisdicionalmente entendeu ser adequada”.

O ministro afirmou desconhecer que o filho de Cerveró tenha recebido qualquer tipo de orientação da Polícia Federal ou de outras autoridades para gravar as conversas com Delcídio, nas quais o senador discorre sobre maneiras de frustrar medidas da Lava Jato. Filiado ao PT, Cardozo evitou falar sobre o fato de o partido ter negado solidariedade a Delcídio em nota pública. “Eu não comento questões partidárias enquanto estiver na função em que estou. O PT expressou sua posição e é legítimo que o faça”, disse.