GRACILIANO ROCHA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após o indiciamento pela Polícia Federal do empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade, o advogado do dono da Caoa (Hyundai), José Roberto Batochio, disse que é absurda a alegação de pagamento de propina para “comprar” Medida Provisória que beneficiou o setor automotivo.
Assim como a Caoa, a MMC Automotores do Brasil (Mitsubishi) também é suspeita de ter pago a um escritório de lobistas para supostamente pagar propinas em troca da aprovação da MP que concedeu incentivos fiscais para montadoras. A MMC teve dois executivos indiciados.
Nesta quinta (26), a PF indiciou 19 pessoas no inquérito que investigou a suspeita de “compra” das MPs, incluindo representantes da Caoa, da montadora Hyundai da MMC.
“A Caoa jamais, em tempo algum, tentou interferir em Medida Provisória. Esta isenção de IPI foi um programa do governo federal para incentivar o desenvolvimento regional. A Caoa não é a única a ter fábricas no Centro-Oeste ou no Nordeste, que eram o foco do programa”, disse Batochio.
A empresa instalou uma montadora dos veículos coreanos em Goiás. Segundo o advogado, outras montadoras, como a Ford e a Fiat, também se beneficiaram dos termos da isenção do IPI e, mais tarde, da prorrogação dos benefícios fiscais em novos polos industriais.
“Muitas montadoras aderiram ao programa do governo e investiram em polos menos desenvolvidos. Seria bisonho a Caoa patrocinar uma atividade ilícita para beneficiar concorrentes”, afirmou o advogado.
O indiciamento não significa culpa formada, mas, sim, que a Polícia Federal reuniu elementos contra 19 pessoas para remeter a investigação ao Ministério Público Federal, que vai decidir se apresenta ou não denúncia (acusação formal) contra os investigados.
Entre os indiciados pela PF estão o ex-presidente da MMC Paulo Arantez Ferraz e do sócio-fundador Eduardo Souza Ramos, por suposta corrupção ativa, e a ex-secretária de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e da Receita Federal, Lytha Spíndola, e o ex-diretor de comunicação do Senado Fernando Cesar Mesquita por suspeita de corrupção passiva.
Mesquita e Lytha Spíndola negam as alegações. A MMC não quis comentar o indiciamento.