MÁRCIO FALCÃO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki negou nesta sexta (27) revogar a prisão advogado Edson Ribeiro e determinou sua transferência para o presídio Ary Franco, na zona norte do Rio de Janeiro. Advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Ribeiro é acusado de tentar obstruir a Operação Lava Jato.

Ribeiro foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta no aeroporto do Galeão, no Rio, ao desembarcar de um voo vindo de Miami (EUA). Ele foi levado à Superintendência da PF no Rio, que afirmou ao Supremo que não tem condições de abrigar o preso. Ele era monitorado por policiais norte-americanos desde a quarta-feira (25), quando o STF emitiu ordens de prisão contra ele, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), um assessor e o banqueiro André Esteves. O banqueiro também foi levado para o presídio Ary Franco.

Por ser advogado, Ribeiro ficará numa sala de Estado maior, tipo de instalação em presídios restrita a advogados.

GRAVAÇÃO

De acordo com áudio captado pelo filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e tornado público na quarta (25), o advogado e o senador discutiram uma forma de retirar Cerveró da prisão por meio de influência política no STF e, depois, retirá-lo do país pelo Paraguai. Cerveró está preso em Curitiba (PR) por decisão do juiz federal Sergio Moro, responsável pela condução dos processos e inquéritos relativos à Operação Lava Jato.

Na semana passada, integrantes do grupo de trabalho da Operação Lava Jato na Procuradoria Geral da República receberam um telefonema de outra advogada de Nestor Cerveró, Alessi Brandão. Na conversa, ela contou que havia a gravação da reunião com o senador tentando impedir a delação premiada do ex-diretor. A gravação fora feita pelo filho de Cerveró, Bernardo, por estar desconfiado que Edson Ribeiro estaria fazendo um “jogo-duplo” : atrapalhando o acordo de delação de seu pai para ganhar dinheiro de um acordo com Delcídio e excluir nomes da delação. Os procuradores se interessaram pelo material. No mesmo dia, a advogada Alessi Brandão pegou um avião e foi a Brasília encontrá-los, levando a gravação. Chegou por volta das 21h. Conversaram e ouviram a gravação, de uma hora e meia. Naquele dia, o expediente só se encerrou após a meia-noite na PGR.

A conversa havia sido gravada por Bernardo no último dia 4 de novembro, em um quarto de hotel em Brasília. Contou com a presença do advogado Edson Ribeiro, do senador Delcídio e do seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, todos alvos de prisão. Antes da reunião, todos guardaram os celulares, para evitar gravações. Mas Bernardo havia levado um aparelho extra para conseguir gravar. No dia seguinte ao encontro na PGR (19), procuradores saíram de Brasília e foram até o Rio de Janeiro para obter um depoimento de Bernardo e até Curitiba para ouvir Cerveró. Ambos confirmaram a história. Depois, os procuradores passaram a preparar os pedidos de prisão.

OAB

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro informou que suspendeu preventivamente a inscrição do advogado. O presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, disse que “a defesa da ética na profissão é fundamental para a valorização da classe. A quase totalidade dos advogados brasileiros mantém o comportamento digno das pessoas de bem e as exceções não devem permanecer na classe”, disse.