SIDNEY GONÇALVES DO CARMO E ZANONE FRAISSAT SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pais de alunos compareceram nas escolas estaduais Maria Zilda Gamba Natel e Etelvina de Góes Marcucci em Paraisópolis, comunidade na zona oeste de São Paulo, para participar de uma reunião com a direção das unidades, marcada para as 7h desta segunda-feira (30). Quando os pais chegaram aos respectivos colégios não havia como entrar nas unidades porque os alunos ainda ocupavam as instalações. A tomada dos colégios foi na segunda passada (23), e ao menos 40 estudantes ainda permanecem na Maria Zilda. Já na Etelvina, os alunos não informaram quantos participavam do protesto. O princípio de tumulto começou quando pais contrários ao movimento pediram que os alunos desocupassem a escola Maria Zilda. A dona de casa, Francisca Costa Silvia, 43, estava presente e disse que esses pais começaram a xingar e a ofender os estudantes. “Eles disseram que era errado os alunos ocuparem as escolas. Alguns chamaram os estudantes de vagabundos e que eles estavam reunidos para usar drogas e não para protestar”, disse Francisca, que tem uma filha de 16 anos que participa do movimento contra a proposta da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de dividir parte dos colégios por ciclos únicos de ensino (anos iniciais e finais do fundamental e o médio). Francisca disse ainda que apoia a filha e que ela deve brigar pelos seus direitos. “Ela está brigando pelos direitos dela e dos amigos. Eu nunca ia permitir que minha filha participasse de uma manifestação em um lugar que houvesse drogas. Isso é mentira. Além de estudar, minha filha trabalha. Ela passa a noite aqui em apoio aos amigos, mas durante o dia ela vai trabalhar”, defendeu Francisca. Tudo começou quando um carro de som passou no último fim de semana convocando os pais para uma reunião com a direção da escola. “O carro passou ontem na minha rua, que fica perto dos colégios, anunciando essa reunião que teria com os pais às 7h. Cheguei e já havia uma multidão com gente discutindo. Uma das diretoras da escola [Maria Zilda] apareceu e, depois, foi embora”, concluiu a dona de casa. Ambas as escolas atendem a alunos do ensino médio e fundamental e, com a nova reorganização, elas passarão a atender a apenas um tipo de ensino. O fornecimento de água na escola Maria Zilda foi cortado a partir do segundo dia de ocupação. Os alunos disseram que recebem doações de galões de água, mas que ainda precisam de produtos de limpeza. De acordo com último balanço da Secretaria de Educação, ao menos 174 colégios estão ocupados. A secretaria informou que a partir desta segunda planeja realizar um mutirão de visitas às escola para pedir que sejam entregues as reivindicações de cada colégio. A intenção do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é enfraquecer o movimento, explicando suas posições ou tentando classificar os manifestantes como intransigentes (caso não queiram apresentar reivindicações). Alunos, professores e movimentos sociais criticam a reorganização da rede proposta pelo governo. O plano de reorganização de ciclos prevê para 2016 o fechamento de 92 escolas e o remanejamento de 311 mil alunos -a rede estadual tem 5.147 escolas e atende a 3,8 milhões de estudantes. Ao todo, 754 escolas atenderão só um ciclo de ensino no Estado. Os alunos dizem que só saem das escolas quando a gestão Alckmin desistir do plano de reorganização. Por outro lado, o governo disse que não voltará atrás, mas considera renegociar o plano caso os estudantes deixem as unidades.