SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com as fortes chuvas do fim de semana, os níveis dos seis reservatórios da região metropolitana de São Paulo aumentaram.
O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, informou que até as 7h desta segunda-feira (30) a cidade já registrava 249,3 mm de água -93% a mais do volume esperado para todo o mês de novembro, que já é o mais chuvoso em 20 anos, desde quando o órgão iniciou a série histórica em 1995.
O sistema Cantareira já acumula 197,6 mm de água, superando em 23% o volume esperado para novembro (160,4 mm), segundo dados da Sabesp. Nesta segunda, o Cantareira opera com 15,1% de capacidade após avançar 0,1 ponto percentual em relação ao índice anterior.
Este é o 12° aumento consecutivo do sistema, que abastece 5,3 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista -eram cerca de 9 milhões antes da crise da água. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas. A Sabesp avalia que o Cantareira deva sair do volume morto no fim de abril de 2016. A estimativa leva em consideração dados históricos dos últimos 85 anos.
As chuvas também contribuíram para o aumento do nível do Alto Tietê, que abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. O Alto Tietê já acumula 212,2 mm este mês (superando em 64% o volume previsto de 128,9 mm). Em 14 de dezembro do ano passado, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto, que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo).
Os demais sistemas também já superaram o volume de chuva previsto para novembro. O Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, opera com 87,3% de capacidade e já acumula 267,4 mm de água (previsto era 123,8 mm).
O reservatório Alto de Cotia tem 226,6 mm de água -superando em 79% volume previsto de 126,7 mm. Já a represa de Rio Grande, acumula 201,8 mm (previsto era 139,7 mm). O sistema Rio Claro já acumula 226 mm -previsão para novembro era de 195,8 mm.
Thomaz Garcia, meteorologista do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo), diz que esse intenso volume de chuva se deve ao El Niño, fenômeno climático que veio com força total neste ano, e a maior absorção de calor pelo oceano Atlântico nos últimos anos.
“Quando há o fenômeno do El Niño é normal ter chuva acima da média nos meses entre a primavera e o verão. Apesar de nem sempre ser regular e bem distribuída, a chuva observada em novembro tem sido mais frequente, principalmente, com pancadas no final da tarde e início da noite”, disse.
O El Niño é caracterizado por um aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na região tropical e pode afetar o clima regional e global. Os principais efeitos são mudanças dos padrões de vento, com reflexos sobretudo sobre os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
Devido à sua provável potência, o El Niño atual foi informalmente batizado de Bruce Lee, célebre ator de filmes de artes marciais, pelo blog da Noaa (agência de atmosférica e de oceanos do governo dos EUA).