MARINA DIAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em almoço com o vice-presidente Michel Temer nesta segunda-feira (30), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o governo conspira contra ele e insinuou que pode deflagrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (1º), caso o PT vote por sua cassação no Conselho de Ética da Casa. Durante a conversa de quase duas horas no Palácio do Jaburu, Cunha afirmou a Temer que a nova denúncia contra ele, de que o BTG Pactual pagou R$ 45 milhões para que o banco de André Esteves tivesse seus interesses atendidos em uma emenda a medida provisória, foi uma armação orquestrada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Cunha levou ao vice-presidente documentos em que, segundo o presidente da Câmara, fica provado que ele não favoreceu bancos e disse que tem certeza de que há “dedo do governo” no que chamou de “armação” contra ele. Temer, por sua vez, preferiu a cautela e, segundo aliados, não alimentou os ataques contra o Planalto. Nesta terça-feira (1º), o Conselho de Ética da Câmara vota pela admissibilidade ou não de um processo de cassação contra Cunha, acusado de lavagem de dinheiro, corrupção e suspeito de esconder contas na Suíça. O presidente da Casa deu sinais a Temer e a aliados de que vai esperar os votos dos deputados do PT no Conselho. Caso votem contra ele, deve deflagrar o impeachment contra Dilma. Caso contrário, vai segurar a abertura de um processo de impedimento da presidente. O Palácio do Planalto trabalha desde a semana passada para que os deputados do PT votem a favor de Cunha. Os petistas resistem mas, nesta segunda, começaram a dar sinais de que podem rever a posição. OFICIALMENTE Depois do almoço, ao ser questionado por jornalistas sobre a possível abertura de um processo de impeachment contra Dilma, Temer afirmou que havia falado com Cunha, sem dizer que havia almoçado com o aliado. E completou que ele não havia dito nada a respeito do assunto.