SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O regime cubano anunciou na noite de segunda-feira (30) o restabelecimento de restrições de viagens ao exterior para médicos especialistas, a fim de evitar uma fuga de cérebros provocada, segundo Havana, por desproporcionais políticas migratórias dos Estados Unidos.

Esta é a primeira grande mudança na política de emigração desde que o regime do ditador Raúl Castro retirou, em janeiro de 2013, as restrições de viagens de cidadãos cubanos ao exterior, como parte de reformas sociais e econômicas. Segundo comunicado publicado na mídia estatal, médicos especialistas precisarão de autorização do Ministério da Saúde para sair do país.

A medida, que entrará em vigor no dia 7, busca evitar a fuga de cérebros e “garantir a nosso povo um serviço de saúde eficiente e de qualidade”. “A migração de profissionais cubanos do setor de saúde constitui uma preocupação para o país”, diz o comunicado, que foi divulgado com destaque no site do “Granma”, jornal do Comitê Central do Partido Comunista. O documento diz que, durante os três anos que se passaram desde a flexibilização da política de emigração, quase 500 mil cubanos saíram do país, a maioria de forma temporária, o que representa um crescimento de 81% em relação às viagens registradas entre 2010 e o fim de 2012.

O regime cubano diz que muitas pessoas que saem regularmente do país são “manipuladas” por políticas migratórias dos EUA, dentre as quais a Lei de Ajuste Cubano, de 1966, que estabelece a acolhida imediata e irrestrita de cidadãos cubanos no país, e a política de vistos para profissionais médicos cubanos, implantada em 2006. Para Havana, essas políticas estimulam a migração irregular de cubanos aos EUA e têm sido usadas com fins políticos, como uma “arma contra a Revolução”.

Segundo as autoridades, o estímulo à ida de cubanos aos EUA também está relacionado a “especulações totalmente infundadas” de que o processo de reaproximação diplomática entre os dois países poderia levar ao fim dos privilégios migratórios de que cidadãos cubanos gozam nos EUA.