A greve parcial dos ônibus deflagrada nesta terça-feira (1º) e o possível aumento do valor da passagem foram assuntos da sessão plenária da Câmara Municipal de Curitiba. Para Bruno Pessuti (PSC), relator da CPI do Transporte Coletivo, que há dois anos apresentou sugestões para enxugar R$ 0,40 da tarifa, os empresários estão chorando porque têm quilos e quilos de cebola embaixo dos olhos. Por que eles não apresentam notas comprovando o prejuízo? A tarifa já está superfaturada, defendeu.

Para Chico do Uberaba (PMN), a administração municipal é a culpada pela greve. O Rogerio Campos [vereador pelo PSC que também é diretor do Sindicatos dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba] acompanhou ontem as negociações, que não chegaram a um acordo. Não dá para entender qual é sua posição [do presidente da Urbs, Roberto Gregório]. Esta gestão detonou o sistema de transporte, a integração, fazendo com que o cidadão arque com o prejuízo. Por que resolveram repassar R$ 5 milhões só no último dia?, declarou. O vereador também afirmou que não assinou o relatório da CPI porque era um cheque em branco.

A afirmação foi rebatida por Pessuti: As empresas nunca vieram a público contestar o relatório. Acho engraçado esse tipo de atitude. O relatório não foi um ‘cheque em branco’. Foi discutido entre todos os vereadores da CPI, talvez a maior que já tenha sido feita por esta Casa. Não estou questionando a legitimidade da CPI. Pedi para ler o relatório antes, por dois ou três meses, e por isso não fui favorável. Não assino um relatório que é colocado no painel [telão], respondeu Uberaba.

Líder do prefeito na Câmara Municipal quando a CPI foi realizada, Pedro Paulo (PT), atual primeiro-secretário, atribuiu os problemas no equilíbrio financeiro do transporte coletivo de Curitiba à licitação do sistema, em 2010. A fórmula de financiamento não está fechada. Em novembro ou dezembro de 2012, logo após a eleição do [Gustavo] Fruet, as empresas divulgaram que o sistema estava em colapso. Na semana passada, vi o mesmo comentário, apontou. A Urbs tenta dialogar com as empresas e ontem foi antecipado o repasse. Mas algumas delas não pagaram o 13º [salário], e a greve foi realizada.

Não é possível que o transporte coletivo seja refém de dois ou três empresários. Não podemos aceitar que os trabalhadores sejam penalizados [pelos atrasos nos pagamentos e demissões]. Esta Casa precisa ampliar o debate, completou Pedro Paulo. Os trabalhadores deram crédito a uma das empresas para não fazer greve, mesmo sem o adiantamento do 13º salário, com o compromisso de que sairia até as 10h. Infelizmente, são 10h20 e não depositaram. Então os ônibus começarão a ser recolhidos, acrescentou Rogerio Campos.