AGUIRRE TALENTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, afirmou à CPI do BNDES nesta terça-feira (1º) que vai ficar calado durante o depoimento e não responderá a perguntas.
Bumlai chegou à sessão da CPI por volta das 14h50, acompanhado de seus advogados. Eles já haviam enviado ofício avisando que ele ficaria em silêncio, para tentar cancelar sua convocação, mas não tiveram sucesso.
O motivo da convocação é que as empresas da família de Bumlai obtiveram empréstimos do BNDES suspeitos de irregularidades. O banco, porém, nega e afirma que seguiu as normas vigentes.
Inicialmente, Bumlai até tinha intenção de falar. Seu depoimento estava previsto para a terça-feira passada (24), mas, no mesmo dia, ele foi preso na Operação Lava Jato e levado para Curitiba.
“Eu tive um incidente que foi a prisão decretada na terça-feira pela manhã, que eu já estava em Brasília, já estava no hotel, pronto pra vir pra cá, que mudou minha condição de testemunha para investigado”, justificou o pecuarista à CPI.
E completou: “Gostaria que entendessem isso. O fato de eu estar sendo investigado me faz ter que resguardar uma série de respostas que eu podia ter dado [aqui] para a minha defesa em Curitiba.”
A suspeita dos investigadores da Lava Jato é que o pecuarista intermediou um empréstimo do banco Schahin para pagar uma dívida do PT e, em troca, teria conseguido que uma empresa do grupo Schahin obtivesse contrato com a Petrobras.
Ouvido pela Polícia Federal em Curitiba na segunda-feira (30), Bumlai disse que jamais discutiu assuntos da Petrobras ou da Operação Lava Jato com o ex-presidente Lula e negou a acusação, feita na delação premiada de Salim Schahin.
Deputados perguntaram, por exemplo, sobre influência de Lula em empréstimos com o BNDES, relação com o lobista Fernando Baiano e até sobre quais seriam as empresas dele, mas o pecuarista não respondeu nada. “Vou me manter calado”, repetiu. O pecuarista obteve um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal lhe autorizando a ficar calado, direito garantido pela Constituição.