RONALDO LINCOLN JR. RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Defensoria Pública do Rio anunciou nesta terça feira (1) que vai prestar assistência às famílias de ao menos dois dos cinco jovens assassinados por policiais militares no último sábado (27), em Costa Barros, na zona norte do Rio. Os defensores vão buscar um acordo com o Estado tentar agilizar uma possível indenização financeira por danos materiais e morais às famílias. Os valores solicitados não foram divulgados.

Outra alternativa para se obter uma compensação financeira seria processar o Estado. Os advogados, no entanto, consideram que a conclusão do processo custaria muito tempo. A defesa será conduzida pelos advogados Fábio Amado e Daniel Lozoya, membros do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh).

Em outra frente, os defensores afirmaram que vão cooperar com o Ministério Público na busca por uma punição aos policiais suspeitos pelas mortes. É atribuição da promotoria oferecer uma denúncia. Rafael Mota Gomes, primo de Wilton, pediu uma punição dura aos suspeitos. “Não queremos que eles fiquem presos somente por poucos meses, para depois saírem e matarem mais negros pobres”, disse.

Durante a coletiva, Rosiléia Castro, mãe de Wesley, admitiu que o filho tinha uma acusação por tráfico de drogas. Ressaltou, porém, que o jovem foi absolvido. “Sei que uma punição (ao estado e assassinos) não vai trazer meu único filho de volta, mas eu preciso defendê-lo”, afirmou Rosiléia, bastante emocionada.

Os cinco jovens foram fuzilados por três policiais quando voltavam do Parque de Madureira no sábado. Os rapazes tinha idade entre 16 e 20 anos. Ao fazer o registro de ocorrência, os agentes informaram que estavam perseguindo um caminhão de bebidas que havia sido roubado nas imediações do Complexo da Lagartixa, na zona norte, onde os jovens residiam.

Ainda na versão dos PMs, os jovens estariam escoltando o caminhão e fizeram disparos contra a viatura. A perícia, no entanto, considera que os policiais mentiram. Os agentes Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e Antonio Carlos Gonçalves Filho foram presos em flagrante por homicídio doloso e fraude processual. O policial militar Fabio Pizza Oliveira da Silva, por sua vez, foi preso por fraude processual, porque ele não teria feito disparos.

As famílias das vítimas Wilton Esteves Domingos Júnior, 20, e Wesley Castro Rodrigues foram as primeiras a aceitar o apoio da defensoria. O órgão vai entrar em contato com as demais famílias para oferecer assistência.