Para chegar ao ponto do assunto, uma historinha que ouvi num jantar foi o start para comentar sobre um tema que amadureço há algum tempo: o feminismo 2.0. Imaginemos uma mãe com um casal de filhos. Ela comenta publicamente que a filha está casada com um homem maravilhoso. Ele a ajuda nas tarefas domésticas, leva café na cama, ganha super bem e a supre financeiramente, um sonho de genro. Em contrapartida, essa mesma mãe se queixa do relacionamento do filho. Ele é casado com uma mulher que não faz nada. Além de chegar cansado no trabalho tem que lavar a louça e levar as crianças cedo na escola. Ele tem até que passar as camisas, pode uma coisa dessas?

Perceberam? É isso mesmo, o problema não é homem, mulher, machista ou feminista. É a cultura. Aquilo que se vive por tradição, medo ou ignorância. O problema não é a piada da loira, da bunduda, da peituda, da sapatão é como você detona o negativo da personalidade ou caráter de qualquer pessoa pela questão do gênero. O clássico só podia ser mulher numa gafe do trânsito é igual classificar homem só pensa com a cabeça de baixo, quando comete traições. Não se difere daquele ataque mas olha a cor, coisa de pobre, nordestino, gay e assim por diante.

Cometemos falhas por estupidez, imaturidade, questões de caráter e outras características. Quando me refiro #meuamigosecreto um movimento viralizado para chamar atenção do machismo do qual o homem, me desculpe, também é vítima, para mim tem contornos muito mais embutidos. Volto a falar, a cultura machista enraizada em muitas mulheres que ainda levam a culpa cristã acata e forma os homens da nossa sociedade para, de alguma forma, ainda crescerem dependentes da mulher. Eles têm que ser machos, trazer o provimento, endurecer o coração, afinal de contas esse mundo é cruel e coração mole não sobrevive. Ei, estamos no século XXI, a mulher se graduou, entrou no mercado de trabalho, mas ainda vive com medo de ser estuprada pelo motorista de táxi. De colocar uma saia mais curta e ser alvo de cantadas, que nada tem de grandioso, é intimidador.

O feminismo 2.0 que classifico não vem reforçar outra cultura, a do ódio. Esse feminismo quer um homem que entenda esse grito e quer sua ajuda. Parceria. Quer uma mulher que não seja a primeira a detonar outra mulher: vagabunda, biscate, interesseira, etc. – gente ruim existe em todos os gêneros. Então se a menina tem que arrumar a cama para não ser uma esposa relaxada, o homem tem que fazer o mesmo, pois hoje tanto o homem quanto a mulher, o gay, o pobre, o negro, podem estudar, trabalhar e gerar força de trabalho. Todos pagam a conta.

Ao contrário do que alguns rebatem, dizendo que o mundo ficou chato por estar politicamente correto, defendo que o mundo agora está mais informado e consciente. Obrigada aos homens e mulheres que querem contribuir para um mundo melhor com esse despertar. A mudança acontece quando conectamos a consciência. Não aprendemos num piscar de olhos, e muito menos fechando eles.