80 milhões de consumidores são motivos mais do que atraentes para investidores estrangeiros no Irã – antiga Pérsia – desde o último final de semana, quando os Estados Unidos cancelaram parte das sanções impostas há décadas, pelo acordo sobre energia nuclear.

Enquanto houve sanções, o povo sofreu com falta de remédios, com falta de contato com o mundo exterior, com falta de diálogo. Enquanto uns e outros ainda reclamam da queda de barreiras, muitos esfregam as mãos, ávidos de comercializar seus produtos encalhados e produzir remessas de novas encomendas.

Com o retorno do dinheiro que estava trancado nos Estados Unidos, o país agora vai poder modernizar suas estruturas, reduzir o poder do Estado na economia desgastada pelas sanções, e mais recentemente, desemprego, inflação, pela queda do preço do petróleo. O famoso ouro negro, motivo de tantas invasões de poderosos, sob os diferentes pretextos de bons países, guardiões da democracia, da religião ou seja lá o que for.

Fotos: Divulgação

Jardins e água, uma combinação sempre presenta na antiga Pérsia

Hassan Rowhani, presidente iraniano, organiza viagens à Itália e França, para encontrar empresários interessados em explorar o país. Airbus já faz as contas, planejando grandes negócios: o Irã deverá comprar 114 aviões civis, na renovação da frota. E as companhias aéreas nacionais deverão adquirir nos próximos 10 anos, entre 400 a 500 aeronaves.

Desde julho de 2015 foram numerosas as delegações políticas e comerciais que se deslocaram até a antiga Pérsia, na tentativa de serem as primeiras a abrirem espaço de negócios e compensar o que foi perdido em pról dos emergentes: China, Turquia e Rússia. Já em setembro do ano passado uma delegação de 130 empresários chefiada por Medef foi até Teheran e Macchad, com propostas abrangentes, desde agro produtos até infraestrutura.

A Alemanha, que era a primeira e perdeu lugar para a China, espera exportar entre 5 a 10 bilhões de euros em máquinas e outros produtos. No início de maio representantes da economia alemã estarão desenvolvendo o processo de nova aproximação.


Monumentos ligam o passado ao presente, nas principais cidades iranianas

A França comemora o que pode ser o renascimento do mercado de carros, com a Renault esperando uma encomenda de mais de 1 milhão de automóveis, número que talvez chegue a 1,5 ou 2 milhões em futuro próximo.

Para o mundo, o mais importante é a possibilidade da retomada do Turismo para a antiga Pérsia, com a abertura prometida para o Ocidente, através dos Estados Unidos e Europa. As operadoras que já trabalharam, ou trabalham, com o Irã, começam a refazer roteiros. E quem ainda não viu o potencial, vai ficar marcando passo. Porque são muitos os motivos para realizar uma viagem ao passado, presente e futuro de um rico país em cultura e história.


Portão aberto para o futuro, no novo Irã

O Irã é assunto internacional e antes das mudanças políticas, ficou conhecido pela beleza de seus filmes. Terra dos mais belos tapetes, vai dar oportunidade ao turista de apreciar as verdadeiras obras de arte produzidas em Bakhtiàri, Kashan, Nahavand, Lori, Yalameh, Baluch, locais de antigas tribos persas, cidades históricas, tribos nômades que produzem tapetes tradicionais há vários milênios, cheios de cores e desenhos simbólicos.

Se a palavra Pérsia evoca uma terra distante no tempo, e é destino pouco conhecido dos brasileiros, é bom começar ler e compreender o país que tem vestígios da vida humana desde o nono milênio antes de Cristo. Irã, Império do Fogo Eterno, é terra de antigos monumentos, azulejos e cerâmicas requintados, tapetes únicos, jóias e tecidos. Berço da civilização ocidental, ligando o coração da Ásia ao mundo, ponte entre o leste e o oeste, a antiga Pérsia será o novo destino turístico de quem aprecia arte e beleza.


Tapetes persas, os melhores e mais bonitos do mundo

SEM SANÇÕES, MAIS PROGRESSO
O Banco Mundial projetou progressos econômicos não só para as finanças do país, mas também para a economia global. O Banco Mundial prevê que o crescimento do PIB iraniano dobrará em dois anos, com o fim do isolamento do país. O país acelerando o crescimento na produção de petróleo vai causar uma queda de mais 14% no preço da commodity, o que coloca os demais países exportadores entre os perdedores da reintegração do Irã no mercado. O ganho do Irã será o crescimento de bem-estar econômico per capita de 2,8%, com a retomada das exportações de petróleo para a Europa.

Com as sanções, o país voltou atenções para o Oriente, trabalhando com países como a Coreia do Sul, Índia, Rússia e China. O fim das sanções vai reverter essa trajetória. O Brasil em 2000 era responsável por 7% das importações iranianas. Hoje a fatia é menos de 2%. Daí que o chanceler brasileiro Mauro Vieira visitou em meados de setembro de 2014 foi recebido no Teerã pelo presidente Hassan Rowhani. Os principais produtos exportados pelo Brasil são commodities como carne, milho, soja. Talvez nosso país volte agora a ser o primeiro exportador, saindo do atual oitavo lugar no ranking.


Cozinha persa no Irã, conservando tradições e bons temperos

FASCINIO DA PERSIA
A população iraniana é predominantemente composta de Arianos, como o nome Irã revela. Mas é formada também por vários grupos étnicos, desde épocas remotas. Cerca de 15 mil anos atrás, quando o nível do mar no interior das terras começou a baixar, o planalto mais alto já era habitado. Os povos mais antigos do mundo se estabeleceram em Sialk, nas proximidades de Kashan, desenvolvendo comércio e agricultura. Quatro mil anos antes de Cristo, o Egito e a Europa já importavam trigo e cevada do planalto iraniano.

A escrita chamada de proto-Elamita foi desenvolvida três mil anos antes de Cristo, em Elam, sudoeste do planalto. O centro de uma importante civilização surgiu em Susa, cidade que depois foi capital de vários impérios. A influência da civilização da Mesopotâmia foi grande, mas uma cultura rica em arte surgiu, substituindo as do Elam. No segundo milênio antes de Cristo chegaram as tribos Indu-Européias, vindas da Rússia e do Planalto da Eurásia para a Ásia Ocidental. Um grupo de guerreiros tomou o rumo do Sul, na região da montanha de Zagros, fundando o império de Mitanni, cujo apogeu foi no século 15 antes de Cristo, ao fazer aliança com o Egito.


Assados, grelhados, especiarias, nos doces e salgados com sabor de lenda

Mas a maioria das tribos Indo-Européias rumou para o leste, para a Transoxiana, cruzando Bactriana, montanhas Hindu Kush e chegando até a Índia, através dos vales de Panjshir e Kabul. Tudo é parte de um país cheio de história, lendas, culturas. O povo persa tinha dez tribos: Paságardas, Marafianos, Máspios, Pantialeus, Derusianos, Germanianos, Daenses, Mardos, Drópicos e Sagartianos.

É possível que algumas tribos tenham chegado ao planalto vindas do oeste. No segundo milênio antes de Cristo o poderoso grupo dos Kassitas desceu as montanhas do planalto e conquistou a Babilônia, onde governou durante 600 anos, do século 18 ao 12 antes de Cristo.Foi no 1º milênio antes de Cristo que aconteceu a segunda grande invasão do planalto, pelas tribos Arianas, que ficaram nas extensões de Zagros. Lá construíram cidades fortificadas e praticaram agricultura. Arianos eram os indo-europeus estabelecidos no Irã. Eram parentes dos citas e dos cimerianos que, desde as margens do rio Danúbio inferior até o Turquestão, povoaram as grandes planícies. Foi na época em que o metal começou a ser usado e quando os Assírios fizeram vários ataques contra os povos do planalto, na procura de ferro, cobre e cavalos.

É através de velhas histórias e mitos da antiga Pérsia, suas conquistas, seus reis, ruas riquezas, a bravura de seu povo, que é possível compreender melhor a trajetória da Humanidade.


O pão nosso de cada dia tem formato e sabor muito especial

PAISAGENS ÚNICAS
País que cobre uma área de 1.648.000 quilômetros quadrados, no sudoeste da Ásia. No coração do Oriente Médio, liga o mar Cáspio ao Golfo Pérsico, fazendo caminho entre leste e oeste.

A paisagem é tão original quanto sua cultura. Fontes de águas quentes, jardins, montanhas rochosas, terras altas e baixas, vulcões extintos, florestas densas, córregos permanentes fluindo além do mar Cáspio, do Golfo Pérsico e do mar de Oman. 19 milhões de hectares são cobertos por pomares e jardin; 10 milhões de hectares são de pastos; 19milhões de hectares são florestas e o restante são terras, deserto, montanhas. Que criam condições perfeitas para esportes de inverno no norte e montanhas ocidentais. Há mais de 500 fontes de água mineral e térmica.Os iranianos consideram a água como símbolo da vida e do desenvolvimento. O platô do Irã permite cidades acima de 1.000 metros de altitude. Cavernas são atração em Azarbayjan, Kurdestan e Hamadan. Os dois desertos mais conhecidos são Dash-e-dash-e-Lot e Dasht-e-Kavir, cobrindo uma área de 360.000 quilômetros quadrados. As paisagens mudam bastante conforme as estações: pedras e areia, terras inundadas, neve, muito verde.


Persépolis, visita indispensável para quem viajar para o outro lado do mundo

ROTEIRO DE BELEZAS
Durante duas semanas é possível a antiga Pérsia até as mais fascinantes cidades da Ásia Central, , ao longos da Rota da Seda, até Samarcanda. Começando por Teerã, moderna capital ao pé do monte Elburz, com seus importantes museus. Depois é seguir de avião até Kerman, cidade do deserto, onde há séculos são feitos os belos tapetes iranianos. Uma excursão a Bam, que foi importante cidade por onde passavam as caravanas, hoje desabitada, tem uma esplêndida fortaleza medieval. Shiraz merece dois dias de visitação, por ser o ponto alto da cultura do país. E Persépolis, antiga capital do império persa fundada por Dario I em 518 antes de Cristo.Com suas fortificações, jardins, bazares e um grandioso sítio arqueológico e suas escadarias monumentais, ornamentadas de baixo relevo.

Um voo leva a Isfahan, a cidade mais bonita do país, com suas 200 mesquitas, 28 madrasas (escolas teológicas), bazar e palácios principescos.


Museus, palácios, tudo esperando pelos visitantes ocidentais

A viagem pode prosseguir, retornando para a capital e seguindo para Urgench, no Uzbequistão. Depois Khiva, a bela cidade no centro da Ásia, conservando um estilo iraniano e perfeitamente conservada. Aí é seguir para Bukhara, cidade santa da Ásia central, depois de uma longa viagem pelo Deserto Vermelho. Aí o destino é Samarcanda, capital do Tamerlão, ao longo da antiga Rota da Seda. Na visita, o Shah Zinda, uma estrada com 11 mausoléus islâmicos do século XV, além de um santuário Sufi. A última excursão é para Taskent. Uma viagem de descobertas ,na terra milenar.